Premier reage com cautela a cessar-fogo da ETA

Anúncio feito por grupo separatista basco na manhã dessa quarta-feira repercutiu também entre ex-guerrilheiros do IRA

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Por Agencia Estado
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O primeiro ministro espanhol, Jose Luis Rodriguez Zapatero, pediu "cautela" e "prudência" diante do anúncio de "cessar-fogo permanente" feito nesta quarta-feira pelo grupo separatista basco ETA, que entrará em vigor a partir da próxima sexta-feira. "A posição do governo é de cautela e prudência", disse o primeiro ministro ao parlamento espanhol. "Qualquer processo de paz após tantos anos de horror e terror será longo e difícil." Zapatero ressaltou que os partidos políticos espanhóis compartilham da dor provocada pela violência do grupo terrorista. "Agora eu creio que iremos compartilhar esperança", concluiu. Mais cedo, a porta-voz do governo, María Teresa Fernández de la Vega, havia dito que o anúncio é "uma boa notícia para todos os espanhóis". "O Governo trabalhará com todas as forças políticas das quais esperamos apoio", disse De la Vega, ressaltando que é "nosso desejo e nossa vontade" que o anúncio da ETA seja o início do fim da violência. Repercussão O Governo francês evitou comentar o anúncio da ETA. O Ministério das Relações Exteriores francês se limitou a enviar as declarações do primeiro-ministro, Dominique de Villepin, em sua recente visita a Madri. "Não reagimos" aos comunicados da ETA, disse à EFE uma fonte do Ministério do Interior francês, que não excluiu que o tema seja abordado por seu titular, Nicolas Sarkozy, com seu colega espanhol, José Antonio Alonso, na reunião do G6 que acontece hoje na Alemanha. Já na Irlanda do Norte, o presidente do Sinn Fein, braço político do também grupo separatista IRA, Gerry Adams, afirmou hoje que o anúncio de "cessar-fogo permanente" da ETA oferece uma "oportunidade de proporções históricas" para resolver o conflito no País Basco. O líder nacionalista também fez um pedido às partes envolvidas para que "aproveitem esta oportunidade e façam tudo o possível para tornar realidade o avanço político". Formado no final da década de 60, o IRA (Exército Republicano Irlandês) reivindicava, assim como a ETA, o final da dominação inglesa sobre a Irlanda do Norte. Em 1997 o grupo anunciou um cessar-fogo, pondo fim a uma escalada de violência que resultou na morte de 1.775 pessoas. A partir de 1998, o braço político da organização, o Sinn Fein, aceitou um acordo de paz, e prometeu promover a luta pela independência da Irlanda do Norte exclusivamente por meios políticos. No ano passado o grupo oficializou sua renúncia à violência e entregou armas. Na opinião de Adams, a chave para progredir está no estabelecimento de um "processo integrador de diálogo, no qual todos seus participantes sejam tratados com igualdade". Adams também lembrou ao governo espanhol sua responsabilidade para responder ao anúncio do ilegal Batasuna "com imaginação e atitude positiva", e pediu "o fim imediato" dos julgamentos contra os dirigentes dessa formação nacionalista basca, "incluindo Arnaldo Otegui". O cessar-fogo A notícia do cessar-fogo foi divulgada pela rádio-televisão pública basca e o jornal independentista Gara, pouco antes de ser transmitido em um vídeo no qual aparecem três pessoas encapuzadas e um deles, com voz de mulher, lê o comunicado da ETA. Abreviação no dialeto basco para Euskadi ta Askatasuna, a tradução para o português do significado da sigla ETA é Pátria Basca e Liberdade.

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