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Presidente chinês relembra massacre de Nanjing, mas pede fim do ódio

Por BEN BLANCHARD
Atualização:

China e Japão devem deixar o ódio de lado e impedir que uma minoria que levou o Japão à guerra afete as relações entre as nações agora, afirmou neste sábado o presidente chinês, Xi Jinping, enquanto o país celebra o primeiro dia do memorial do massacre de Nanjing. China e Japão se estranham há tempos por conta da dolorosa história entre os dois países. Consistentemente, os chineses lembram o massacre de 1937, que segundo as suas contas deixou 300 mil mortos na então capital da nação. Um tribunal aliado no pós-guerra calculou em 142 mil mortos a conta do massacre, mas alguns políticos e intelectuais conservadores japoneses continuam a insistir que o massacre sequer ocorreu. Os laços entre as nações se deterioraram ainda mais no ano passado, depois que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, visitou o Santuário Yasukuni, prestando homenagem a criminosos de guerra entre os mortos em combate do lado japonês. As nações também estão envolvidas em uma disputa por ilhotas localizadas no Mar da China Oriental. Mas ambos os países, cientes dos problemas econômicos decorrentes da disputa, entraram em acordo no mês passado para reatar os laços, durante um encontro para “quebrar o gelo” entre Xi e Abe, em Pequim. Falando em um memorial em Nanjing, Xi afirmou que a história nunca deve ser esquecida, mas que o futuro também é importante. “A razão pela qual estamos realizando este memorial do Massacre de Nanjing é lembrar que todas as pessoas de bom coração anseiam e esperam pela paz, para não prolongar o ódio", disse Xi, em comentários transmitidos ao vivo pela televisão estatal. “Os povos de China e Japão devem passar a amizade de geração em geração”, acrescentou. “Esquecer a história é traição, e negar um crime é repeti-lo. Não devemos odiar um povo porque uma pequena minoria de militaristas invadiram e declararam guerra, mas ninguém deve esquecer dos graves crimes dos invasores.” Ao fim da fala, pombas que representam a paz voaram sobre Xi, que tinha uma flor branca em sua lapela, simbolizando luto. No próximo ano, o fim da Segunda Guerra Mundial completará 70 anos, e a China já prometeu realizar memoriais, o que pode agravar a rivalidade com o lado japonês. (Reportagem de Ben Blanchard)

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