Presidente do Conselho Europeu denuncia hipocrisia do G-20 em crise migratória

Sem nomear qualquer país, Donald Tusk propõe que líderes trabalhem em sanções específicas na ONU contra traficantes de pessoas, mas alerta que ainda não tem 'apoio mesmo para este mínimo'

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HAMBURGO, ALEMANHA - O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, denunciou nesta sexta-feira, 6, a hipocrisia e o cinismo de alguns países do G-20 no combate ao tráfico ilícito de migrantes, embora não tenha citado explicitamente quais seriam estas nações.

"Nós precisamos de mais esforços internacionais para quebrar o modelo econômico de tráfico de migrantes", declarou em entrevista durante a cúpula do G-20 em Hamburgo, na Alemanha, evocando, em particular, a rota migratória que passa pela Líbia e mantém sob pressão a Itália e toda a Europa.

A chanceler alemã, Angela Merkel, recebe o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, na abertura da cúpula do G-20 Foto: AFP PHOTO / Tobias SCHWARZ

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"É por isso que proponho a todos os líderes do G-20 para trabalhar sobre sanções específicas na ONU contra os traficantes", disse Tusk, que coordena os trabalhos do bloco de 28 membros. "É o mínimo que podemos fazer a nível mundial. Devo dizer que não temos apoio, mesmo para este mínimo. Se falharmos, será a triste prova da hipocrisia de alguns membros do G-20", disse ele, sem nomear qualquer país.

"Devemos tentar convencer os nossos parceiros para que sejam mais ativos, mais positivos, menos cínicos e mais determinados no combate comum contra os traficantes e todo o tráfico na Líbia", declarou.

Os parceiros da Itália na UE reconheceram a situação de emergência no país, oprimido pela chegada de milhares de migrantes. Cerca de 100.000 imigrantes chegaram à Europa por mar desde janeiro, dos quais 85.000 desembarcaram na Itália, de acordo com os últimos dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Na semana passada, a Itália ameaçou vetar a entrada de navios estrangeiros transportando migrantes resgatados no Mediterrâneo e pediu aos seus parceiros uma "contribuição concreta".

A maioria dos migrantes que chegam a Itália não são requerentes de asilo, mas migrantes econômicos vindos principalmente da Nigéria, Bangladesh, Guiné, Costa do Marfim e Gâmbia. Quase todos tentam atravessar o Mediterrâneo a partir da costa da Líbia. / AFP

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