Presidente do Iêmen e rebeldes chegam a um acordo

Acordo prevê, entre outros pontos, fim do cerco dos insurgentes xiitas à residência do líder iemenitas e ao palácio presidencial

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Atualização:

(Atualizado às 21 horas)

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SANAA - A agência de notícias oficial do Iêmen divulgou nota dizendo que o presidente do pais chegou a um acordo com os rebeldes xiitas para acabar com um cerco violento à capital, Sanaa. 

A agência de notícias Saba disse que o acordo desta quarta-feira prevê fim do cerco dos rebeldes xiitas à residência de Abdu Rabbo Mansour Hadi e ao palácio presidencial, cercado pelos insurgentes na terça-feira. A agência diz ainda que o pacto prevê a libertação de um assessor de Hadi que foi sequestrado recentemente.

Em troca, o governo irá atender aos pedidos dos rebeldes para que a Constituição seja reformada e que eles possam ter mais representação no parlamento e nas instituições do Estado.

O ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que foi deposto em 2012, pediu que o governo convoque eleições presidenciais e para o parlamento do país.

Combatentes houthis assumem posto ocupado por guardas da presidência do Iêmen, em Sanaa Foto: Khalled Abdullah / Reuters

Uma fonte próxima ao presidente disse que Hadi se encontrou um oficial do grupo xiita e negou que o presidente esteja em regime de prisão domiciliar dentro da própria casa, que foi cercada por militantes houthis.

Em um comunicado emitido no meio da noite, Hadi disse que o grupo muçulmano xiita tinha o direito de ser nomeado para cargos em todas as instituições do Estado e que um projeto de Constituição que tem sido fonte de discórdia entre ele e os rebeldes estava aberto a revisões.

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Ele afirmou que os houthis concordaram em retirar seus combatentes de áreas próximas do palácio presidencial, sua casa e a residência oficial do primeiro-ministro, assim como prometeram libertar imediatamente o chefe de gabinete, que têm sido mantido refém por vários dias.

Os rebeldes xiitas do grupo Houthi tomaram nesta quarta uma base militar que abriga mísseis balísticos e colocaram guardas do lado de fora da residência do presidente, um dia depois de invadir o palácio presidencial.

Os houthis buscam participação maior no governo e divulgaram novas exigências pedindo o posto de vice-presidente e a chefia de ministérios e secretarias de Estado.

Hadi não se feriu durante o ataque ao bairro onde mora na terça-feira e permanecia dentro de casa. Um dos temores era de que a Al-Qaeda na Península Arábica pudesse aproveitar o vácuo de poder deixado pela situação.

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Na manhã desta quarta-feira, os houthis tomaram a maior base de mísseis do país, numa colina perto de Sanaa, consolidando seu poder sobre a cidade, que foi tomada em setembro após o grupo ter saído de seu reduto, no norte do Iêmen.

Oficiais militares disseram que não houve resistência quando os houthis tomaram a base, que abriga mísseis, no oeste da capital. Os rebeldes simplesmente pediram aos comandantes que entregassem o controle do local, disseram os oficiais, falando em condição de anonimato, porque não estão autorizados a falar com meios de comunicação.

Havia calmaria na capital nesta quarta-feira, após dois dias de violentos confrontos entre as tropas do presidente e os houthis, durante os quais os rebeldes invadiram o palácio presidencial e saquearam seus depósitos de armas, tomaram o prédio da televisão estatal e a agência de notícias do país, além de sitiar a casa do primeiro-ministro Khaled Bahah.

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Na noite de terça-feira, o líder rebelde Abdel-Malek al-Houthi descreveu a intensificação das ações de seu grupo, durante transmissão para todo o país, como uma medida "revolucionária" com o objetivo de forçar Hadi a implementar um acordo negociado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que efetivamente confere uma parcela maior de poder aos houthis.

Al-Houthi disse que se Hadi se recusasse a implementar o acordo "todas as opções estão em aberto". O líder rebelde disse que sua principal exigência é uma mudança na comissão encarregada de escrever uma análise do esboço da nova Constituição, para garantir uma maior representação ao grupo. O esboço propõe a criação de uma federação com seis regiões, algo que os houthis rejeitam.

Um conselheiro de Hadi, que falou em condição de anonimato, disse à Associated Press que representantes houthis apresentaram uma lista com nove páginas de exigências nesta quarta-feira. Dentre elas, está que o posto de vice-presidente seja concedido ao grupo, que também exige a vice-liderança de muitas instituições do Estado e de agências do governo.

Os houthis são um movimento político e religioso cujos seguidores são xiitas da seita zaidita e representam um terço da população do Iêmen, de 25 milhões. Os zaiditas vivem principalmente no norte do país.

Os acontecimentos em Sanaa levaram o Conselho de Segurança da ONU a realizar uma reunião de emergência na terça-feira para condenar a violência e pedir um cessar-fogo duradouro. Em comunicado aprovado por todos os 15 membros, o conselho afirmou que Hadi "é a autoridade legítima" no Iêmen. / AP

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