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Presidente do Líbano diz a enviado saudita que premiê Hariri precisa voltar ao país

Segundo fontes presidenciais, Michel Aoun afirmou que as circunstâncias da renúncia de Saad Hariri são inaceitáveis; governo saudita alega que político é um homem livre e não participou de sua decisão de deixar o cargo

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Por Redação
Atualização:

BEIRUTE - O presidente do Líbano, Michel Aoun, disse a um enviado saudita nesta sexta-feira, 10, que Saad Hariri precisa voltar ao Líbano e as circunstâncias de sua renúncia ao cargo de primeiro-ministro - estando na Arábia Saudita - são inaceitáveis, disseram fontes presidenciais.

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As autoridades libanesas acreditam que Hariri está detido em solo saudita, disseram à agência de notícias Reuters na véspera duas autoridades de alto escalão do governo libanês, um político próximo de Hariri e uma quarta fonte, em meio a uma crise crescente que está levando o Líbano às linhas de frente de uma disputa de poder entre a Arábia Saudita e o Irã.

A renúncia do líder político sunita Saad Hariri lançou o Líbano no centro de uma disputa regional entre a monarquia sunita da Arábia Saudita e o Irã islâmico xiita Foto: REUTERS/Aziz Taher

O governo saudita diz que Hariri, um aliado de longa data, é um homem livre e não teve nada a ver com sua decisão de anunciar sua renúncia no sábado estando na Arábia Saudita.

Depois do anúncio, a Arábia Saudita acusou o Líbano e seu movimento xiita Hezbollah de declararem guerra aos sauditas. Riad alertou os cidadãos sauditas a não viajarem ao Líbano e a voltarem assim que possível, caso se encontrem no país. Outros países do Golfo Pérsico também emitiram alertas de viagem.

Nesta sexta-feira, o político libanês Walid Jumblatt disse que seu país não merece ser acusado de declarar guerra contra a Arábia Saudita, e disse estar “muito triste” que Riad tenha feito tal acusação após décadas de amizade.

“Nós não merecemos, como libaneses, tais acusações”, disse Jumblatt. “Por décadas, temos sido amigos.”

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Essas medidas causaram o temor de que Riad possa adotar ações contra o pequeno Estado árabe, que abriga 1,5 milhão de refugiados sírios.

O Líbano, onde sunitas, xiitas, cristãos e drusos, todos apoiados por potências regionais rivais, se envolveram em uma guerra civil entre 1975 e 1990, mantém um sistema de governo concebido para garantir que todos os grupos sejam representados.

A renúncia do líder político sunita Hariri lançou o Líbano no centro de uma disputa regional entre a monarquia sunita da Arábia Saudita e o Irã islâmico xiita, cujo poderoso aliado Hezbollah tem grande influência.

Um “grupo de apoio internacional” de países preocupados com o Líbano, que inclui EUA, Rússia e França, apelou para que o Líbano “continue a ser blindado das tensões na região”. Em um comunicado, eles também apoiaram o pedido de Aoun pelo retorno de Hariri.

Durante a reunião com o enviado saudita, Aoun expressou preocupação com os relatos sobre as circunstâncias de Hariri e exigiu esclarecimentos, segundo fontes presidenciais.

Hariri, cujo pai foi premiê durante muito tempo - antes de ser morto por uma bomba em 2005 -, disse ao renunciar que teme ser assassinado e culpou o Irã por interferir nos assuntos libaneses. Sua saída acabou com um acordo político entre facções rivais que fez dele o premiê, e Aoun o chefe de Estado, em 2016. / REUTERS

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