Presidente iraniano fala em solução diplomática para crise

Mas, caso o Conselho de Segurança opte por impor sanções contra o país, presidente linha-dura diz que ocidente sofrerá

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Por Agencia Estado
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou nesta quinta-feira que busca uma solução diplomática para o seu polêmico programa nuclear, mas reforçou que o povo iraniano tem o direito de dispor de energia nuclear para fins pacíficos e que o seu país não se renderá, apesar da pressão internacional. De acordo com Ahmadinejad, "o Governo vai utilizar todas as possibilidades para recuperar o direito através de uma via legal e sem tensões" e insistiu que Teerã "procura o uso pacífico da energia atômica dentro da lógica das normas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)". O Conselho de Governadores da AIEA finalizou ontem, em Viena, suas consultas sobre o programa nuclear iraniano com uma dura troca de acusações entre os Estados Unidos e o Irã. Os 35 países-membros do executivo da agência não aprovaram nenhuma resolução sobre o programa, mas enviaram formalmente o dossiê ao Conselho de Segurança da ONU, que poderá impor sanções contra Teerã. O conselho já iniciou as deliberações para decidir que atitudes tomar. Para Ahmadinejad, que classificou como injusto o envio da questão à ONU, o Ocidente sofrerá mais do que o Irã caso o conselho opte pelas sanções. "Eles sabem que não são capazes de causar o menor dano ao povo iraniano", disse Ahmadinejad durante uma visita à província de Lorestan, no oeste do país. "Eles sofrerão mais", acrescentou, segundo a agência de notícias iraniana ISNA Para alguns diplomatas, o comentário pode ser interpretado como uma ameaça velada de que o Irã usará o petróleo como arma contra o ocidente. O país também possui ligações estreitas com grupos extremistas do Oriente Médio. Em Teerã, o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, disse a um grupo de clérigos que o Irã não irá abandonar suas ambições nucleares. Khamenei tem a palavra final sobre todos os assuntos de estado do país. "As autoridades estão obrigadas a continuar a busca por avanços tecnológicos, incluindo energia nuclear. As pessoas e o governo irão resistir a qualquer tentativa de conspiração", ele disse. O clérigo acusa Washington de procurar uma desculpa para continuar o que ele classificou como uma guerra psicológica contra o país. Diálogo Mas, enquanto Ahmadinejad e Khamenei colocam mais fogo na fogueira, alguns de seus funcionários trabalham para abrir o diálogo com o ocidente. Segundo o secretário do Conselho Superior da Segurança Nacional iraniano, Abdel Reda Rahmani Fadli, o país está disposto a negociar: "O diálogo cria uma oportunidade nova, e através da cooperação é possível responder a todas as perguntas sobre o programa nuclear". Fadli argumentou que a questão é meramente política, visto que os EUA "apóiam as centenas de instalações nucleares de Israel e enfrenta as pesquisas nucleares pacíficas do Irã". A Casa Branca, no entanto, acusa o país de manter um programa nuclear com fins militares, e não para obter energia.

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