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Presidente palestino quer definir 'mecanismo e cronograma' para acabar com assentamentos israelenses

Mahmoud Abbas afirmou que aprovação de resolução no Conselho de Segurança da ONU condenando construções de Israel mostra que o 'mundo rejeita os assentamentos ilegais' e 'estabelece as bases para qualquer futura negociação'

Atualização:

RAMALLAH, CISJORDÂNIA - O presidente palestino, Mahmoud Abbas, afirmou nesta terça-feira, 27, que usará uma conferência sobre o Oriente Médio que será realizada na França para definir um cronograma para a independência do Estado Palestino. A iniciativa foi motivada pela aprovação no Conselho de Segurança da ONU, na semana passada, de uma resolução que condena a construção de assentamentos por parte de Israel nos territórios palestinos ocupados.

Apesar do texto aprovado na ONU afirmar que as construções são uma "flagrante violação" da lei internacional, o governo israelense disse que seguirá com seus planos e prevê que a administração de Jerusalém analise na quarta-feira uma série de pedidos de permissão para erguer centenas de novas habitações em territórios capturados em 1967 e anexados à cidade.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, durante coletiva em seu gabinete em Ramallah, na Cisjordânia Foto: Muhammed Muheisen/AP

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"A decisão (do Conselho) estabelece as bases para qualquer futura negociação séria e prepara o caminho para a conferência internacional de paz que se realizará em Paris no próximo mês", disse Abbas, em sua primeira declaração sobre o assunto desde a aprovação da resolução, na sexta-feira.

"Esperamos que esta conferência consiga achar um mecanismo e um cronograma para encerrar a ocupação", disse o líder palestino em encontro com membro de seu partido, o Fatah. "(A resolução) prova que o mundo rejeita os assentamentos já que eles são ilegais."

Em 15 de janeiro - menos de uma semana antes de o presidente americano, Barack Obama, deixar o cargo - a França deve organizar uma conferência com dezenas de países que endossam um planejamento internacional para a paz entre israelenses e os palestinos. O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou ser contrário ao evento que, na sua visão, reduziria as chances de um processo de negociação.

Netanyahu fez reiterados convites a Abbas para que os dois conversem sem condições preestabelecidas. O líder palestino, no entanto, recusou os encontros e determinou como ponto de partida para qualquer negociação o fim da construção de assentamentos por parte dos israelenses.

Os palestinos reivindicam a Cisjordânia e parte de Jerusalém Oriental, onde estão locais sagrados para judeus, muçulmanos e cristãos, como parte de seu futuro Estado. Israel, por sua parte, alega que os assentamentos, bem como outras questões centrais como a segurança, devem ser negociadas em conversas diretas entre as duas partes.

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Novas Habitações. Apesar da resolução da ONU condenando assentamentos, a administração de Jerusalém deve aprovar nesta semana milhares de novas unidades habitacionais no setor oriental da cidade. O Comitê de Zoneamento Distrital de Jerusalém se reunirá na quarta-feira para discutir a permissão para as novas construções nessa parte da cidade, informou o diário Israel Hayom, que apoia Netanyahu.

"Seguimos impertubáveis com a votação da ONU ou de qualquer outra entidade que tenta ditar o que fazemos em Jerusalém", disse ao jornal o vice-prefeito de Jerusalém, Meir Turgeman, que comanda o comitê de zoneamento. "Eu espero que o governo israelense e a nova administração americana nos apoiem, para que possamos reverter a falta (de construção) durante os oito anos do governo Obama." Netanyahu ficou indignado com a resolução do Conselho de Segurança e decretou uma série de ações em resposta à medida, que foi aprovada com 14 votos favoráveis depois de os EUA, que tem poder de veto, se absterem pela primeira vez em uma votação do tipo. / AP