ANCARA - O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, afirmou que testemunhos de suspeitos detidos por suposta participação no golpe do dia 15 apontaram para o envolvimento direto do clérigo Fethullah Gulen na ação, segundo reportagem do jornal britânico The Guardian.
Yildirim acrescentou que a Turquia ainda não fez o pedido formal de extradição do opositor aos EUA, onde ele vive, mas o fará e “espera que Washington acate” a solicitação.
“A Turquia e os EUA têm tido relações amigáveis, são aliados e parceiros estratégicos por muito tempo e não acreditamos que eles (EUA) se posicionarão em favor do líder de uma organização terrorista”, afirmou, segundo o Guardian.
O primeiro-ministro anunciou ainda que o governo está pronto para trabalhar com os principais partidos da oposição na redação de uma nova Constituição. O tema está no coração dos debates políticos no país.
Yildirim fez o anúncio na saída do Conselho de ministros, após o encontro do presidente Recep Tayyip Erdogan, no palácio presidencial, com Kemal Kiliçdaroglu, líder do CHP (social democrata), principal partido da oposição, e com Devlet Bahceli, do MHP (direita).
O líder do partido pró-curdo HDP, Selahattin Demirtas, acusado pelo governo de apoiar o “terrorismo” por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, rebeldes curdos), não participou.
Enquanto isso, fora da Turquia foram feitas ontem as primeiras prisões com relação à tentativa de golpe. Comandantes militares turcos que serviam à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão foram detidos em Dubai, estendendo ao exterior o expurgo em massa.
Os dois generais estavam a caminho da Turquia, onde deveriam ser interrogados, assim como uma conhecida jornalista, detida de madrugada em um posto de controle em uma estrada a oeste do país.
O general Mehmet Cahit Bakir, comandante das forças turcas no Afeganistão, e o general de brigada Sener Topuc foram detidos no aeroporto de Dubai. / AFP e EFE