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Primeira ordem de ataque de Trump matou mulheres e crianças no Iêmen  

Casa Branca alega que ação em que um soldado morreu foi planejada por Obama e conhecida por Trump 4 dias após posse

Atualização:

WASHINGTON - As Forças Armadas americanas confirmaram que uma operação de contraterrorismo, a primeira cujo comando partiu do presidente Donald Trump, matou civis e um oficial do comando especial Navy Seal no Iêmen. A operação foi conduzida no domingo, e planejada durante o governo Barack Obama, segundo a Casa Branca. 

Donald Trump e a filha Ivanka se preparam para embarcar no Marine One e visitar a base aérea Dover, em Delaware Foto: AFP PHOTO / NICHOLAS KAMM

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Um comunicado emitido pelo Comando Central dos EUA afirmou que uma investigação “lamentavelmente concluiu” que um número não especificado de civis foi atingido por disparos aéreos solicitados pelo Navy Seal que alegou estar sendo “atacado por todos os lados”. A mídia local reportou que ao menos dez mulheres e crianças foram mortas. Uma investigação foi aberta.

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, afirmou nesta quinta-feira, 2, que Trump foi informado sobre a operação quatro dias após assumir o cargo e tomou a decisão de atacar na semana passada. 

Uma reportagem do New York Times explicou que os assessores de segurança nacional de Obama, após meses de planejamento, tinham pronto um plano de um ataque contra uma pequena e reforçada fortaleza de um colaborador da Al-Qaeda em um vilarejo nas montanhas da parte central do Iêmen. Obama decidiu não agir porque o Pentágono queria lançar o ataque numa noite sem lua, o que não ocorreria mais até o fim de seu mandato.

Com os conselheiros mais próximos, o genro Jared Kushner e Stephen Bannon, em um jantar com o secretário de Defesa Jim Mattis e um general, Joseph Dunford Jr., Trump aprovou o envio do Time 6 do Navy Seal. O objetivo, explicou o Pentágono, era coletar telefones celulares e computadores que dessem mais pistas sobre o braço da Al-Qaeda no país. 

Uma fonte do governo afirmou ao Times que a Defesa conduziu uma revisão legal da operação. O novo time de segurança nacional, liderado pelo conselheiro Michael T. Flynn, afirmou que queria acelerar a tomada de decisão, delegando mais poder a oficiais de patentes mais baixas para que pudessem agir mais rapidamente, o que foi consentido por Trump. 

Mas ao decidir agir tão rapidamente, afirma o jornal, o Pentágono assumiu a possibilidade de cometer mais erros. “Você pode mitigar o risco de missões como essa, mas você não pode mitigar esse risco a zero”, afirmou um ex-comandante de contraterrorismo do Pentágono, William Wechsler, ao jornal.

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Combatentes da Al-Qaeda foram informados de que algo ocorreria no vilarejo. Com a interceptação de comunicações, o comando da operação sabia que ela estava comprometida, mas decidiu seguir em frente. 

A operação foi a primeira em solo iemenita desde dezembro de 2014. Ela acabou causando a morte, além dos civis, do soldado William “Ryan” Owens, a quem Trump prestou homenagem na terça-feira em uma visita não anunciada à base aérea Dover, em Delaware. / W. POST e NYT 

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