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Primeiro dia de greve geral no Haiti termina com 12 detidos

Paralisação foi convocada pela oposição radical que pede a redução dos preços da gasolina e a renúncia do presidente Michel Martelly

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Por Redação
Atualização:
Manifestantes impedem motociclista de passar em rua de Porto Príncipe Foto: Hector Retamal/AFP

SANTO DOMINGO - O primeiro dia da greve geral de 48 horas convocada no Haiti nesta segunda-feira, 9, terminou com 12 detidos. Ela foi convocada pela oposição radical que pede a redução dos preços da gasolina e a renúncia do presidente Michel Martelly.

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A capital amanheceu vazia em vários setores e com barricadas em algumas das vias principais, onde reinavam o cheiro de borracha queimada e de fumaça, mas também com maior presença policial que na greve anterior, convocada pela opositora Mesa da Concertação, que aconteceu no dia 2.

Faltando números sobre a greve, meios de comunicação, como a Rádio Metropole, assinalaram que "a atividade está totalmente paralisada" na capital, com escolas e repartições públicas fechadas e sem meios de transporte público.

O chefe de polícia da região oeste do Haiti, onde está localizada Porto Príncipe, Vladimir Paraison, confirmou à agência EFE que pelo menos 12 pessoas foram presas e indicou que, por enquanto, "não se registraram danos pessoais maiores". Parasion disse que garantirá a segurança nas ruas da cidade. "Estamos para proteger à população. Estamos preparados", acrescentou.

A Rádio Metropole indicou, no entanto, que se registraram "muitos atos de violência em diferentes níveis em vários bairros da capital". Testemunhas relataram que em lojas, colégios e escritórios "há um medo evidente" e por isso 'conveniente' que continue a greve.

Germaine Joseph, de 34 anos, disse, com a porta de sua mercearia entreaberta, que não pôde abrir seu estabelecimento porque seus empregados "têm medo de sofrer represálias por comparecer ao trabalho". "Para essa greve, difundiram o medo", continuou.

O secretário-geral da ONG haitiana Rede Nacional de Defesa dos direitos Humanos (RNDDH), Pierre Esperance, criticou as formas da Mesa de Concertação de "apavorar e impor sua vontade com o medo". "Não se pode um impor a quem não quer", disse Esperance, que mesmo assim defendeu a causa da greve.

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A gasolina no Haiti custa US$ 4,5 o galão (quase 3,8 litros), depois de o governo reduzir o preço de US$ 4,6, há uma semana, após outra greve.

Assad Volcy, porta-voz da Mesa de Concertação e um dos organizadores da greve, pediu em declarações que a redução dos preços seja ainda maior e que a medida venha acompanhada da renúncia de Martelly.

O ministro da Economia e Finanças, Wilson Laleau, insistiu que não pode fazer uma redução maior, uma vez que a queda dos preços do petróleo em nível internacional é "temporária" e o governo, posteriormente, não poderia assumir as compensações.

O primeiro-ministro, Evans Paul, condenou no domingo as ameaças de violência lançadas pelos ativistas da oposição nos últimos dias, e garantiu que a polícia tomará "todas as medidas necessárias para frustrar os planos orquestrados por quem quer criar problemas" durante a greve. "Ninguém tem direito a obrigar as pessoas a seguirem uma greve. Isto é contra a democracia", apontou.

"Em nome do presidente Martelly e do governo, peço a todos que não desejam tomar parte na greve que desenvolvam suas atividades. Nenhum ato de violência será aceito ou tolerado", acrescentou. / EFE

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