Primeiro-ministro turco não descarta coalizão com partido pró-curdo

Apesar do que foi sugerido em reunião com partido esquerdista, ainda não há possibilidade concreta de um acordo

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ISTAMBUL - O primeiro-ministro interino da Turquia, Ahmet Davutoglu, sugeriu nesta quarta-feira, 15, que não descarta formar uma eventual coalizão com o partido esquerdista pró-curdo HDP, em encontro com dirigentes da formação.

A reunião foi a terceira e última da primeira fase de contatos entre o partido ganhador das eleições de 7 de junho, o islamita AKP, e as outras três formações no parlamento. Mas, no momento, não há possibilidade concreta de uma coalizão do governo.

Ahmet Davutoglu lembrou em encontro que codirigente do partido HDP já havia pedidopara asguerrilhas curdas abandonarem definitivamente a luta armada contra os turcos Foto: Adem Altan / AFP

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Embora o codirigente do HDP Selahattin Demirtas tenha assegurado após o pleito que não daria nenhum tipo de apoio a um governo do AKP, Davutoglu não excluiu que possa haver um acordo, após o encontro que qualificou de "frutífero".

"Vimos que o HDP modificou sua postura. Nós nunca excluímos nenhum partido. As conversas continuarão. Concordamos que voltaremos a falar dos temas que forem necessários", disse Davutoglu em entrevista coletiva transmitida ao vivo pela emissora NTV.

O primeiro-ministro interino lembrou que Demirtas realizou ontem uma chamada à guerrilha curda para que esta abandone definitivamente a luta armada contra os turcos. "Este desarmamento na Turquia ocorrerá de uma forma ou outra. Juntos conseguiremos. Demirtas disse uma coisa muito bonita: 'Ao aumentar a democracia, diminuirão as armas, e é necessário reduzi-las a zero'. Estes tipos de declarações são as que queremos escutar", disse.

Com relação à formação do governo, Demirtas se pronunciou a favor de uma "grande coalizão" entre o AKP e o social-democrata CHP. 

Ao AKP, com 258 cadeiras, faltam 18 deputados para a maioria absoluta. Já o CHP conta com 132 e o HDP, assim como o nacionalista MHP, dispõe de 80 cadeiras. Dessa forma, é possível somente uma coalizão do AKP ou um trio da oposição, opção inverossímil devido à negativa do MHP de respaldar um Executivo que conte com o apoio do pró-curdo HDP.

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No último dia 9, com a constituição do parlamento, começou o prazo de 45 dias para formar um novo Executivo. Davutoglu realizará uma segunda rodada de contatos a partir da próxima semana. Contudo, se não conseguir formar uma coalizão, passará a missão ao dirigente do CHP, Kemal Kiliçdaroglu. Caso o prazo expire sem a formação de um governo, deverão ser convocadas novas eleições que provavelmente serão fixadas para outubro. / EFE

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