Procuradoria do Peru pede prisão preventiva do ex-presidente Humala

Pedido tem como base a delação de Marcelo Odebrecht, que afirma ter enviado US$ 3 milhões para a campanha presidencial de 2011, e abrange também a mulher do político, Nadine Heredia

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Atualização:

LIMA - A Justiça peruana decide na quarta-feira, 12, em uma audiência em Lima se decreta a prisão preventiva do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016), requisitada nesta terça-feira pelo Ministério Público do país, com base nas delações feitas pela construtora Odebrecht. O pedido foi feito em meio a um aumento da tensão política entre o presidente Pedro Pablo Kuczynski e a líder da oposição, Keiko Fujimori, que tem a maior bancada no Parlamento. 

Na petição, o procurador Germán Juárez solicitou também a prisão preventiva da mulher de Humala, Nadine Heredia. A audiência está marcada para as 10h ( 12h em Brasília). Segundo o MP, que se baseia nas delações feitas pelo empresário Marcelo Odebrecht à Operação Lava Jato e repassadas à procuradoria, o casal recebeu US$ 3 milhões para a campanha de 2011. 

O ex-presidente peruano Ollanta Humala e sua mulher, Nadine Heredia, são acusados de lavagem de dinheiro e associação ilícita Foto: AP Photo/Rodrigo Abd

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Humala e Nadine são acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Segundo fontes do MP peruano, além da delação do empresário brasileiro, há outros testemunhos que comprovam a entrega de dinheiro ao casal. 

O advogado de Humala, Julio Espinoza, criticou o pedido de prisão preventiva. “O ex-presidente e sua mulher compareceram a todos os depoimentos requitados pelo Ministério Público”, disse ele. “Vamos esperar a audiência e contrapor a decisão do promotor. Queremos uma decisão imparcial.”

Humala negou ter recebido doações da Odebrecht e disse ser vítima de perseguição política após saber do pedido de prisão preventiva contra ele e sua mulher. Ele descartou a possibilidade de pedir asilo político e acusou o Ministério Público de ceder a uma pressão: “dá a impressão de que querem ficar bem com algum setor da imprensa ou com o Congresso”, dominado pelo partido fujimorista Fuerza Popular.

 A Odebrecht diz ter pago US$ 29 milhões em subornos no Peru nos governos de Ollanta Humala, Alejandro Toledo e Alan García. Toledo teve a prisão pedida pela polícia e tem contra si um pedido de extradição. 

Fujimori. Ainda ontem, o presidente Kuczysnki se reuniria com Keiko Fujimori para debater “a reconstrução do país e a luta contra a corrupção”. 

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Analistas acreditam, no entanto, que em pauta está um indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori.

Rivais no segundo turno da eleição do ano passado, vencida por Kuczynski por menos de um ponto porcentual, os dois se distanciaram nos últimos meses. Com uma bancada de apenas 17 deputados no Congresso, o presidente viu o Fuerza Popular, de Fujimori, destituir três de seus ministros nos últimos meses. “Essa reunião será estritamente político e dependerá de quanto ambos estão dispostos a ceder”, disse o analista Luis Benavente. 

Fujimori, pai de Keiko, foi condenado a 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade e corrupção, durante os dez anos em que governou o país. Na semana passada, o presidente disse ter pedido um relatório sobre o estado de saúde de Fujimori e declarou que decidiria sobre um indulto no fim do ano. 

A libertação do ex-presidente, uma figura bastante controvertida no Peru, prejudicaria a já frágil base de apoio do Kuczynski, eleito graças à migração decisiva do voto antifujimorista nos últimos dias de campanha. 

O presidente também tem seu nome ligado ao escândalo Odebrecht por ter sido Ministro da Economia no governo de Alejandro Toledo, um dos principais destinatários da propina da empresa brasileira./ AFP e AP

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