Promotoria acusa 6 policiais pela morte de jovem negro em Baltimore

Promotora de Maryland Marilyn J. Mosby afirmou que morte de Freddie Gray foi homicídio e anunciou expedição de mandado de prisão contra os 6 policiais envolvidos no caso

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Promotora estadual em Baltimore,Marilyn J. Mosby,anuncia abertura de processo criminal contra os 6 policiais acusados pela morte de Freddie Gray. Foto: Matt Roth/The New York Times

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(Atualizada às 20h55) BALTIMORE, EUA - A morte do jovem negro Freddie Gray, de 25 anos, quando estava sob custódia da polícia da cidade de Baltimore, no Estado americano de Maryland, foi considerada um homicídio e os seis policiais envolvidos na abordagem serão processados criminalmente, afirmou nesta sexta-feira, 1, a promotora do Estado de Maryland para a cidade de Baltimore, Marilyn J. Mosby.

“Temos as causas prováveis para abrir um processo criminal”, afirmou Marilyn poucas horas depois de receber o resultado da investigação do caso feita pela própria polícia de Baltimore.

O motorista da viatura na qual Gray foi conduzido enfrentará a acusação mais grave, de homicídio doloso, quando há intenção de matar. Ele conduziu a van de modo brusco, para que Gray caísse e batesse no assoalho e nas paredes do furgão. Os outros policiais serão acusados de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), agressão e prisão ilegal. Segundo a prefeita de Baltimore, Stephanie Rawlings-Blake, cinco dos seis policiais já foram presos.

Ainda de acordo com a promotora Marilyn, Gray teria pedido por cuidados médicos pelo menos duas vezes no trajeto feito pelos policiais entre o local no qual ele foi preso e a central policial para a qual foi levado. O jovem negro morreu no dia 19, uma semana depois de ser preso, em razão de fraturas na coluna vertebral.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, rejeitou comentar diretamente o caso de Baltimore, mas disse que é “absolutamente vital que se saiba a verdade” sobre a morte de Gray para que a justiça seja feita.

“Acho que os habitantes de Baltimore querem a verdade mais do que qualquer outra coisa. É o que o país inteiro espera”, afirmou após se reunir na Casa Branca com um grupo de jornalistas perseguidos, encontro realizado em razão do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que será celebrado no sábado.

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A sucursal de Baltimore da Ordem Fraternal da Polícia, o sindicato dos oficiais, defendeu a conduta dos acusados e pediu à promotora que se retire do caso e o entregue a um promotor especial – hipótese que ela já afirmou estar fora de cogitação.

“Por mais trágica que a situação seja, nenhum dos policiais envolvidos é responsável pela morte do sr. Gray”, escreveu Gene Ryan, presidente da sucursal do sindicato em carta aberta enviada para o promotor do Estado de Maryland, Brian E. Frosh.

Ryan denunciou conflitos de interesse – a promotora Marilyn teria apoio político de William H. Murphy Jr., advogado da família de Freddie Gray, e seu marido é membro Câmara local e o futuro do caso teria impacto em sua carreira política, para o bem ou para o mal.

Detalhes. O caso provocou dezenas de protestos – com cenas de violência e dezenas de presos – nos EUA contra a morte de negros por policiais brancos, que levaram a prefeita de Baltimore a decretar um toque de recolher e a pedir ajuda da Guarda Nacional para manter a ordem.

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Durante entrevista, a promotora descreveu os maus tratos aos quais Gray teria sido submetido. Ela disse que os policiais destrataram o jovem negro, o prenderam sem nenhum fundamento, violaram os procedimentos policiais ao colocá-lo no furgão com algemas nas mãos e nas pernas e sem o cinto de segurança e foram negligentes ao ignorarem os pedidos de socorro médico feitos por Gray.

De acordo com a promotora, a morte do jovem seria resultado de uma lesão fatal na sua coluna sofrida enquanto ele era transportado sem o cinto de segurança. A promotora utilizou a investigação feita pela polícia, além de suas próprias investigações para formular as acusações contra os policiais. / NYT, AP, EFE e REUTERS

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