Prorrogação de cessar-fogo na Síria ainda é incerta

Trégua ficou fragilizada no sábado após os ataques da coalizão liderada pelos EUA contra o Exército sírio, matando ao menos 90 militares; no domingo, bairros rebeldes de Alepo foram atingidos por ataques aéreos

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Por Redação
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BEIRUTE - A trégua na Síria que entrou em vigor na semana passada por iniciativa da Rússia e dos EUA termina nesta segunda-feira, 19, indicou uma fonte militar síria de alto escalão, para quem a prorrogação da medida é incerta.

"O Exército sírio havia optado efetivamente por uma suspensão dos combates até domingo à noite, mas a Rússia decidiu prolongar o cessar-fogo, que terminará nesta segunda-feira à noite às 19h locais (13h de Brasília)", afirmou a fonte, que pediu anonimato. "Não sabemos se a trégua será prolongada depois", completou.

Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos,nas primeiras 15 horas de cessar-fogo não foram reportadas mortes de civis Foto: AP Photo/Ariel Schalit

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A trégua na Síria ficou fragilizada no sábado após os ataques da coalizão liderada pelos EUA contra o Exército sírio na região de Deir Es-Zor, no leste do país, que mataram pelo menos 90 militares. Além disso, os bairros rebeldes de Alepo, na região norte da Síria, foram atingidos no domingo por ataques aéreos.

Rússia e EUA trocaram acusações sobre a culpa pelo fato de a ajuda humanitária não chegar a Alepo, onde os moradores são vítimas de um cerco. Os russos acusam os rebeldes e os americanos culpam o regime de Bashar Assad de não querer retroceder na estrada estratégica de Castello, por onde devem passar os caminhões com mantimentos e remédios da ONU.

A guerra na Síria, que começou em 2011, deixou mais de 300 mil mortos e forçou o exílio de milhões de pessoas.

Fracasso. A trégua mediada por americanos e russos "praticamente fracassou e terminou" e não há esperança de que comboios de ajuda humanitária sejam entregues a Alepo, disse nesta segunda-feira uma autoridade rebelde síria.

"Acredito que praticamente fracassou e terminou", disse o chefe do escritório político do grupo Fastaqim, Zakaria Malahifji, acrescentando que ainda aguarda para ver se algo pode ser feito "em teoria" para salvar o acordo.

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Questionado se esperava que a ajuda humanitária chegasse a áreas rebeldes no leste de Alepo, ele disse: "Não há esperança. Foram diversos dias de procrastinação. Todo dia há um pretexto. Não há esperança de ajuda ser entregue". Ele também indicou que grupos rebeldes estão preparando uma nova ação militar. "Imagino que no futuro próximo haverá ação de facções", disse.

O embaixador da Síria na ONU, Bashar Jaafari, acusou no domingo os EUA de buscarem o fracasso do cessar-fogo. "O objetivo desta agressão americana é levar ao fracasso a trégua acordada entre Rússia e EUA", declarou. Ele lidera a delegação síria na XVII Cúpula de Países Não-Alinhados (NOAL) que terminou no domingo na ilha venezuelana de Margarita.

O diplomata acrescentou que o governo sírio "vai pressionar todos os membros do Conselho de Segurança para voltar a tratar esta agressão o quanto antes". No entanto, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Marc Ayrault, declarou que o principal responsável de violar a trégua na Síria é o próprio regime sírio. / REUTERS, EFE e AFP

Veja abaixo: Tiros na Síria interrompem fala de general russo

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