Sindicatos voltaram nesta quinta-feira, 15, a levar dezenas de milhares de pessoas às ruas da França contra a reforma do mercado de trabalho proposta pelo governo de François Hollande e aprovada em julho pelo Parlamento. O objetivo do movimento foi tentar impedir a regulamentação da lei.
Mobilizações foram realizadas em 110 cidades do país e tiveram participação de pelo menos 78 mil pessoas, segundo as autoridades. Em Paris, houve enfrentamentos entre forças de ordem e grupos de black blocs, com 62 pessoas detidas.
O protesto de hoje foi mais uma vez realizado por uma frente de seis sindicatos profissionais e estudantis da França, que desde março se mobilizam contra a flexibilização das relações entre patrões e empregados. O texto homologado no dia 8 de agosto por Hollande facilita as demissões e transfere aos referendos de trabalhadores de uma empresa o poder de decisão que antes cabia aos acordos coletivos das categorias.
A legislação provocou a ira de partidos, sindicatos e movimentos à esquerda do Partido Socialista (PS), o maior da base do governo. Em nível nacional, as manifestações tiveram um nível de mobilização semelhante à última jornada de protestos, realizada em julho: entre 78 mil estimados pelas autoridades e os 170 mil avaliados pela Confederação-Geral do Trabalho (CGT), maior central francesa, foram às ruas. A maior passeata aconteceu na capital, onde entre 12,5 mil e 13,5 mil protestaram, de acordo com o Ministério do Interior. Já os organizadores estimaram o total em mais de 40 mil pessoas.
Confronto. A passeata deveria partir da Praça da Bastilha em direção à Praça da República, mas logo no início da marcha centenas de black blocs passaram a enfrentar a tropa de choque que acompanhava o cortejo – um coquetel molotov foi lançado em direção a um grupo de policiais, explodindo aos pés de um agente. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo. Segundo o Ministério do Interior, cinco policiais ficaram feridos. Em todo o país, 62 pessoas foram detidas.
As cenas de violência provocaram a reação de sindicatos de policiais, que reclamam do número elevado de agentes feridos – 620 no total – desde o início das manifestações, em março. “Vê-se muito bem que há dois tipos de manifestantes. O manifestante que vem legitimamente manifestar seu descontentamento e o black bloc, que vem para agredir as forças de ordem”, protestou Philippe Lavenu, secretário nacional do sindicato Aliança-Polícia.
O protesto de hoje pode marcar o fim das manifestações de rua contra a reforma trabalhista. Enquanto a CGT anunciou a intenção de fazer novos protestos, o secretário-geral da Força Operária, Jean-Claude Mailly, disse que a entidade pretende sair das ruas e ir à Justiça contra a reforma.