Publicada nota à família Milosevic firmada por 34 acusados

Cúmplices dos crimes de Milosevic escrevem nota de condolências à família ex-presidente

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dois jornais da Sérvia publicam nesta terça-feira um bilhete em lembrança da morte do ex-presidente sérvio e iugoslavo Slobodan Milosevic, assinado por 34 acusados de crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), entre eles o general croata Ante Gotovina. Os signatários, sérvios, croatas e macedônios, expressam, no bilhete publicado pelos rotativos Politika e Vecernje Novosti, "pêsames sinceros" à família de Milosevic, encontrado morto neste sábado em sua cela na prisão da ONU em Haia. Estão no bilhete, junto a uma foto de Milosevic, as assinaturas do general Gotovina, acusado de crimes contra sérvios na guerra da Croácia; do oficial sérvio do exército ex-iugoslavo Veselin Sljivancanin, acusado de assassinatos de civis croatas na mesma guerra; e do líder ultranacionalista sérvio Vojislav Seselj, antigo aliado de Milosevic quando este estava no poder. Gotovina, um dos acusados mais procurados pelo TPII junto com os ex-líderes servo-bósnios Ratko Mladic e Radovan Karadzic, ainda foragidos, foi detido na Espanha em dezembro último. Milosevic foi encontrado morto no sábado passado em sua cela da prisão do TPII, em Haia, onde estava sendo julgado desde fevereiro do 2002 por sua responsabilidade em crimes de guerra cometidos na Bósnia, na Croácia e no Kosovo. Continua sendo uma incógnita em Belgrado se o enterro de Slobodan Milosevic ocorrerá nesta capital, como deseja a família e os colaboradores do ex-presidente. O presidente sérvio, Boris Tadic, disse nesta terça-feira à emissora britânica BBC que não se opõe ao enterro em Belgrado, mas deixou nas mãos dos tribunais a possibilidade de a viúva de Milosevic poder retornar ao país. As autoridades judiciais sérvias devem responder a um pedido do advogado dos Milosevic para que se retire a ordem de detenção contra Mirjana Markovic, acusada de malversação de fundos estatais, para que possa acompanhar o enterro do marido em Belgrado. Em qualquer caso, o governo sérvio deixou claro na última segunda-feira que se a cerimônia for realizada em Belgrado não haverá funeral com honras de Estado, mas um eventual enterro sem unidades do exército. O Partido Socialista da Sérvia (SPS), de Milosevic, exige um "funeral digno", embora já não insistam como no passado para que fosse enterrado na Alameda dos Grandes do cemitério de Belgrado.

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