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Em encontro tenso, Merkel e Putin tentam superar diferenças e manter diálogo

Chanceler alemã lamentou que 'não há progressos' na resolução do conflito no leste do território ucraniano; presidente russo defendeu que alegações de interferência de Moscou nas eleições americanas têm por base rumores

Atualização:

SOCHI, RÚSSIA - A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, em uma visita à Rússia, disse que Berlim e Moscou devem manter diálogo apesar de seus desacordos, mas essas mesmas diferenças ofuscaram suas discussões com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira, 22.

Em uma coletiva de imprensa após uma reunião no resort russo de Sochi, no Mar Negro, posicionamentos divergentes foram expostos sobre a Síria, a Ucrânia, o respeito da Rússia por direitos civis e as alegações de que Moscou está interferindo nas eleições de outros países.

Chanceler alemã, Angela Merkel, fez sua primeira visita à Rússia desde 2015, o que sugere uma reativação do diálogo entre Berlim e Moscou Foto: EFE/Alexey Nikolsky

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A linguagem corporal dos líderes sugeriu que aquele era um momento de tensão: as expressões faciais enquanto falavam com repórteres eram rígidas, e os dois mal olharam um para o outro. "Mesmo que haja sérias diferenças de opinião em algumas áreas, as conversas devem continuar", disse Merkel. "Você deve prosseguir, porque caso contrário, cai no silêncio e tem cada vez menos entendimentos."

Com relação à crise na Ucrânia, Merkel disse que deseja que as sanções europeias contra a Rússia sejam suspensas, mas insistiu que para isso é preciso cumprir os acordos de Minsk para a resolução do conflito separatista. "Gostaria que tivéssemos a possibilidade de suspender as sanções quando forem cumpridos os acordos", apontou ela em entrevista coletiva com Putin.

A chanceler lamentou que "não há progressos" na resolução do conflito no leste de Ucrânia, onde, segundo ela, "se acentuam as tendências separatistas" dos pró-russos. "É preciso estudar minuciosamente as expropriações de empresas, o bloqueio de transporte e outros assuntos (no leste de Ucrânia) e fazer todo o possível para a situação retroceder", destacou.

As relações entre Alemanha e Rússia ficaram tensas em razão da crise na Ucrânia, e os vínculos de Moscou com a União Europeia (UE) chegaram a um nível de deterioração inédito desde o fim da Guerra Fria. Durante todo esse tempo, Merkel foi uma defensora fervorosa das sanções impostas pelos europeus a Moscou pela anexação da Crimeia e por seu suposto papel no conflito no leste ucraniano.

Esta é a primeira viagem de Merkel à Rússia desde sua visita rápida a Moscou no dia 10 de maio de 2015, quando a tensão alcançava seu nível máximo pelo conflito na Ucrânia. Na época, a chanceler alemã, assim como a maior parte dos países ocidentais, não compareceu ao desfile militar de 9 de maio, que celebrava os 70 anos da vitória sobre a Alemanha nazista.

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Síria e EUA. Putin disse que Moscou condena o uso de armas químicas por qualquer um e quer uma investigação completa e imparcial do ataque com gás venenoso na cidade síria de Khan Shikhoun em abril. "Aqueles que forem culpados devem ser encontrados e punidos", disse ele. "Mas isso só pode ser feito após uma investigação imparcial."

"Uma solução na Síria só pode ser encontrada por meios pacíficos e sob a égide da ONU", disse Putin.

Relembre: Trump ignora pedidos para apertar a mão de Merkel na Casa Branca

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O presidente russo também defendeu que as alegações de que a Rússia teria influenciado as eleições presidenciais americanas em 2016 têm por base rumores e Moscou não quer forças externas interferindo na política russa. "Nós nunca interferimos na vida política e nos processos políticos de outros países e não queremos que ninguém interfira na nossa vida política e em nossos processos de política externa."

Questionada sobre a possível interferência da Rússia na eleição da Alemanha, Merkel disse não ser uma pessoa medrosa e irá contestar informações duvidosas com fatos. "Eu não sou uma pessoa ansiosa, vou brigar pela eleição com base em minhas convicções", disse ela, acrescentando que os alemães vão lidar decisivamente com qualquer caso de informação incorreta. / AFP, EFE e REUTERS

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