SYDNEY, AUSTRÁLIA - Um refugiado iraniano se encontra em estado crítico após ter se imolado nesta quarta-feira, 27, em protesto pelas condições nas quais vivem os imigrantes ilegais no centro de acolhimento que a Austrália administra em Nauru, uma ilha do Pacífico Sul.
"Estamos cansados, esta ação provará que estamos cansados", gritou o homem, de 23 anos, momentos antes de atear fogo em si mesmo, segundo um vídeo divulgado pelos meios de comunicação australianos.
A imolação coincidiu, segundo a emissora australiana "ABC", com a visita às instalações de três representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que presenciaram os fatos.
O ministro de Imigração da Austrália, Peter Dutton, declarou à imprensa que o refugiado iraniano "se encontra em um estado muito, muito grave" e que "a previsão não é nada boa".
As autoridades australianas devem levá-lo nas próximas horas a um centro médico adequado, mas advertiram que assim que se recuperar voltará a Nauru, ao centro que aloja 468 solicitantes de asilo sob um regime aberto.
Não é a primeira vez que imigrantes desse centro se machucam ou protestam pelo tratamento que recebemdo governo australiano. O Acnur critica há muito tempo as condições "desumanas" que existem nos centros de detenção que a Austrália mantém em Nauru e Papua Nova Guiné.
O governo de Nauru atribuiu a ação a uma "protesto político" e disse que os refugiados tentam influenciar nas diretrizes de imigração da Austrália.
Estes lugares foram criados pelo governo conservador do primeiro-ministro John Howard em 2001 com a chamada "Solução do Pacífico", que buscava desviar a terceiros países da região o crescente fluxo de "imigrantes ilegais" que tentavam chegar ao litoral australiano.
Em 2008, o governo trabalhista do primeiro-ministro Kevin Rudd fechou esses centros para imigrantes, mas sua sucessora e companheira de partido, Julia Gillard, os reabriu em 2012.
Milhares de emigrantes embarcam todos os anos na Indonésia para pedir asilo na Austrália, mas a maioria é interceptada pela guarda costeira australiana e realocada em terceiros países.
Muitos pessoas que viajam à Austrália fogem de conflitos como os do Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e Síria, e outros tentam escapam da discriminação, como as minorias Rohingyas de Mianmar e bidun da região do Golfo Pérsico. / EFE e AFP