Representante da ONU critica repressão contra manifestantes no Irã

Zeid Al Hussein pediu que o governo de Teerã investigue as mortes de mais de 20 pessoas nos protestos contra o regime nos últimos dias

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Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - O alto representante da ONU para Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, criticou a repressão contra manifestantes no Irã e pediu que o governo de Teerã investigue as mortes de mais de 20 pessoas, registradas nos últimos dias.

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A onda de manifestações começou em Mashed, espalhando-se rapidamente. Só na capital Teerã, 450 pessoas foram detidas desde sábado Foto: AP Photo

Em um comunicado, Zeid pediu que as autoridades "lidem com a onda de protestos com grande cuidado para que não se alimente ainda mais a violência e os distúrbios". "Estou profundamente preocupado com as informações de que mais de 20 pessoas, entre elas um garoto de 11 anos, teriam morrido e centenas detidas durante a recente onda de protestos”, disse. 

"As autoridades iranianas precisam respeitar os direitos de todos os manifestantes e prisioneiros, incluindo seu direito à vida, além de garantir sua segurança", afirmou o representante da ONU. "Deve haver uma investigação independente e imparcial de todos os atos de violência que ocorram e um esforço das autoridades para garantir que todas as forças de segurança respondam de maneira proporcional, em linha com o direito internacional", insistiu Zeid.

Ele apontou que todos os cidadãos iranianos têm o direito de serem ouvidos e suas queixas precisam ser tratadas por meio do diálogo, sob o respeito da liberdade de expressão. 

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"Cabe às autoridades não permitir que suas ações provoquem uma espiral de violência, como ocorreu em 2009", alertou Zeid. "Elas precisam tomar todas as medidas para garantir que isso não ocorra de novo", disse ele, em uma referência à onda de protestos que assolou o país há quase uma década. 

Zeid também pediu que as autoridades iranianas libertem qualquer manifestante que tenha sido preso de forma arbitrária ou que tenha sido punido por se expressar de forma livre. "Protestos pacíficos não podem ser criminalizados. Eles fazem parte legítima do processo democrático", completou. 

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