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Representante dos EUA dialoga com dissidência cubana

Em Havana, diplomata Roberta Jacobson disse que Washington continuará pressionando o governo de Cuba por direitos humanos

Por CLÁUDIA TREVISAN
Atualização:

Sete dissidentes cubanos se reuniram ontem em Havana com a representante dos EUA nas conversações para o restabelecimento de relações diplomáticas com Cuba, Roberta Jacobson. O grupo foi levado em um carro do governo americano à residência do chefe da Seção de Interesses dos Estados Unidos na capital de Cuba. Segundo nota do Departamento de Estado, Jacobson enfatizou os compromissos dos EUA com os princípios democráticos e disse que seu governo continuará a pressionar Cuba por mudanças nessas áreas. Secretária-assistente para o Hemisfério Ocidental, Jacobson foi a mais alta autoridade americana a pisar em Havana em 38 anos e liderou as conversas sobre a reabertura de embaixadas de ambos os países. As negociações dos últimos três dias marcam um "importante passo adiante" no relacionamento entre Estados Unidos e Cuba, disse ontem. "Mas esse foi apenas o primeiro passo. Nós sabemos que serão necessários muitos outros." Em sua avaliação, cada delegação "entendeu a importância" do desafio à sua frente: tentar restaurar laços depois de mais de 50 anos de "estranhamento diplomático". A representante dos EUA ressaltou que continuam a existir áreas de "profunda discordância" entre os dois países e citou a situação de liberdade de expressão e direitos humanos. Os dois lados apresentaram suas demandas para o funcionamento de suas missões diplomáticas e a continuidade de um processo de normalização que deve se estender por anos. Cuba exige o restabelecimento de serviços bancários para sua Seção de Interesses em Washington, suspenso há um ano em razão da inclusão do país na lista de nações que apoiam o terrorismo. Sua exclusão da relação é um dos pontos do acordo que permitiu o anúncio do restabelecimento de relações diplomáticas, anunciado pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro em 17 de dezembro. Os EUA querem que os cubanos tenham livre acesso à sua futura missão em Havana e seus diplomatas não tenham restrições para viajar dentro de Cuba. Também exigem o livre envio de materiais e equipamentos para a embaixada e a inexistência de limites para o número de funcionários que podem ter em Cuba. Os cubanos também defendem o respeito às diferenças entre os sistemas político e econômico de cada país e afirmam que as convenções internacionais proíbem a interferência de representantes diplomáticos em assuntos internos do país. Não houve anúncio de datas para a reabertura das embaixadas nem para a próxima reunião que discutirá a questão, mas é provável que as duas delegações voltem a se encontrar em fevereiro. Todos os dissidentes que se reuniram com Jacobson ontem já enfrentaram problemas com o governo cubano. Entre eles, estavam Héctor Maceda, presidente do Partido Democrático Liberal de Cuba, Miriam Leiva, fundadora das Damas de Branco, Elizardo Sánchez, da Comissão de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, e a economista Marta Beatriz Roque.Cartões. A Mastercard anunciou ontem que os cartões de crédito emitidos pela administradora nos Estados Unidos serão aceitos em Cuba a partir de 1º de março. A empresa decidiu retirar as proibições em linha com as recentes orientações emitidas pelo Departamento do Tesouro americano. No entanto, as transações com cartões continuarão bloqueadas em Coreia do Norte, Irã, Sudão e Síria, confirmou a empresa por meio de nota. A Mastercard é a primeira administradora de cartões de crédito a desbloquear transações comerciais em Cuba.

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