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Retrospectiva: Apesar de sanções, Coreia do Norte aposta em armas nucleares e mísseis

Pyongyang testou armas atômicas duas vezes, apesar de ser alvo de punições das Nações Unidas

Atualização:

PYONGYANG- A Coreia do Norte realizou em 2016 dois testes nucleares e duplicou o número de lançamentos de mísseis, o que colocou em dúvida a efetividade das sanções da ONU para conter o regime de Kim Jong-un.

Na manhã de 6 de janeiro, a terra tremeu no noroeste do país. Um terremoto de magnitude 5 na escala Richter sacudiu os arredores da base de Punggye-ri como consequência de um teste nuclear, o quarto da Coreia do Norte após os de 2006, 2009 e 2013.

Sul-coreanos assistem a jornais televisivos em Seul, na Coreia do Sul, noticiando tremores de terra em área próxima a base de testes nucleares no país vizinho, a Coreia do Norte.(AP Photo/Lee Jin-man) Foto: AP Photo/Lee Jin-man

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Pyongyang disse ter detonado desta última vez uma bomba de hidrogênio. Especialistas questionaram esta versão e dizem que a hipótese mais provável é Pyonyang ter desenvolvido um híbrido entre um dispositivo atômico de fissão e um termonuclear. A explosão colocou em evidência os perigosos avanços do programa de armas nucleares norte-coreano.

Enquanto a comunidade internacional decidia o modo de punir o regime de Kim Jong-un, o país lançou ao espaço em 8 de fevereiro um foguete que colocou em órbita um satélite espacial, ação vista como um teste encoberto de míssil de longo alcance capaz de alcançar os Estados Unidos.

Isso serviu para o rompimento definitivo de vínculos com a vizinha Coreia do Sul, que ordenou o fechamento do complexo industrial de Kaesong, último projeto econômico bilateral entre ambos os países.

A reação do Conselho de Segurança da ONU veio em março, com a resolução 2270, que exige que os Estados-membros apliquem duras sanções comerciais para sufocar a economia da Coreia do Norte e, consequentemente, o programa de mísseis e armas nucleares.

As sanções incluem, entre outros aspectos, a inspeção obrigatória de cargas, restrições na exportação de matérias-primas, embargo do comércio de armas leves, proibição de venda de combustível aeroespacial ao país e sanções financeiras sobre indivíduos e entidades norte-coreanos.

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Os efeitos que a resolução 2270 causaram até agora na economia norte-coreana continuam sendo alvo de debate, já que os diferentes relatórios elaborados mostraram conclusões díspares. De qualquer forma, o programa de armas atômicas e mísseis evoluiu a passos gigantescos ao longo do ano.

Em plena etapa de tensão durante os meses posteriores às sanções, os constantes testes de mísseis de curto alcance se uniram ao primeiro lançamento com sucesso de um míssil de um submarino em agosto.

Além disso, o Exército Popular norte-coreano experimentou em várias ocasiões - embora só em uma delas com sucesso - seu novo míssil de médio alcance Musudan, disparado de plataformas de lançamento móveis, o que dificulta a detecção prévia em caso de conflito.

Como ápice, o regime de Kim Jong-un realizou em 9 de setembro o quinto teste nuclear do país, ainda mais potente que os anteriores. Desta vez, a Coreia do Norte disse ter testado com sucesso uma ogiva nuclear pronta para ser acoplada aos mísseis do arsenal, o que significaria o mais temido avanço do país em tecnologia militar.

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A Coreia do Sul e os Estados Unidos ameaçaram o regime norte-coreano com mais sanções do Conselho de Segurança da ONU, que no momento prepara uma nova resolução.

A Coreia do Norte justificou os progressos militares com a necessidade de garantir uma firme autodefesa contra o que qualifica como "política hostil" dos Estados Unidos, que mantém 28,5 mil soldados na Coreia do Sul e frequentemente realiza manobras militares na região.

O governo de Barack Obama manteve a posição de não negociar com a Coreia do Norte até que o país dê passos concretos rumo à desnuclearização, enquanto Pyongyang exigiu dialogar incondicionalmente antes, por isso, a comunicação entre ambas as partes se encontra travada.

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Alguns especialistas acreditam que a chegada de Donald Trump ao poder nos EUA pode representar um ponto de inflexão nas relações bilaterais, já que o magnata republicano chegou a cogitar durante a campanha eleitoral a possibilidade de se reunir com Kim Jong-un e renegociar os acordos de defesa com os aliados na região. / EFE

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