Reunião na Turquia discute pressão ao governo sírio

Mais de 70 países árabes e ocidentais debatem possível envio de armas à oposição; militantes dizem que forças do governo continuam bombardeios.

PUBLICIDADE

Por BBC Brasil
Atualização:

Ministros das Relações Exteriores de mais de 70 países ocidentais e árabes deverão se encontrar em Istambul, na Turquia, neste domingo, para discutir maneiras de pressionar o regime sírio e apoiar a oposição. Um dia antes da segunda reunião do grupo, que se auto-denomina "Amigos da Síria", líderes da oposição dizem que agora apoiam os pedidos para que armamentos sejam enviados para os rebeldes. Eles afirmam que a aceitação do plano de paz proposto pela ONU e pela Liga Árabe é um plano do presidente Bashar Al-Assad para ganhar tempo. Neste sábado, o governo sírio declarou vitória sobre os combatentes rebeldes e afirmou que os soldados permanecerão nas cidades até que "a paz e a segurança" prevaleçam. Ativistas dizem que pelo menos 25 pessoas morreram em conflitos neste sábado, com os contínuos bombardeios das forças de segurança a Homs e outras áreas. O encontro dos ministros em Istambul, que inclui a secretária de Estado americana Hillary Clinton, deve manter a pressão diplomática sobre Assad, insistindo que ele ponha em prática o plano proposto por Kofi Annan, enviado da ONU e da Liga Árabe ao país. A aceitação do plano por parte de Assad é vista com ceticismo por governos árabes e ocidentais. O correspondente da BBC em Istambul, Jonathan Head, disse que também deverá haver mais pedidos por ajuda financeira para vítimas do conflito e para o Conselho Nacional Sírio (CNS), o principal grupo de oposição. No entanto, segundo Head, os países não poderão oferecer muito mais do que este tipo de ajuda. Armas à oposição Horas antes da conferência, o CNS pediu pela primeira vez aos países vizinhos que permitam que armamentos cheguem ao Exército Livre Sírio, formado por insurgentes. "Pedimos pela necessidade do Exército Livre Sírio de armas, para que ele possa defender as vidas do povo sírio. Esperamos que os Amigos da Síria adotem nossa posição", disse o chefe do conselho, Burhan Ghalioun. O correspondente da BBC diz que a demanda por armas é apoiada por alguns dos países árabes, mas não pela maioria dos países que estarão presentes em Istambul. Eles temem que a chegada de armas no país alimente uma guerra civil sectária. Hillary Clinton conversou com oficiais sauditas em Riyadh neste sábado para discutir modos de pressionar Damasco. O ministro das Relações Exteriores saudita, Saud Al-Faisal, disse, em um pronunciamento conjunto com Clinton, que armar a oposição síria é um "dever", porque os insurgentes "não podem se defender, a não ser com armas". O líder do CNS, falando de Istambul, afirmou que a aceitação de Assad ao plano é mais uma "mentira e uma manobra" para ganhar tempo. "Não temos ilusões sobre a possibilidade do sucesso desta missão porque Bashar Al-Assad e o regime sírio não tem credibilidade para empenhar-se no processo político", afirmou. "Logo vai ser óbvio que o regime não implementará nem a primeira cláusula do acordo. Boa fé A missão de paz da ONU na Síria pediu que os soldados fossem retirados como "um ato de boa fé". No entanto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Jihad Makdisi anunciou neste sábado que os soldados permanecerão nas áreas residenciais das cidades. Makdisi ainda à mídia estatal que o governo acredita que as tentativas da oposição de derrubá-lo terminaram. "A batalha agora é para assegurar a estabilidade e concentrar mentes no processo de reforma e desenvolvimento da Síria. Ao mesmo tempo, (a batalha) é para impedir que outros - os que querem destruir o processo de reformas - consigam seu objetivo", disse. Na última terça-feira, o presidente sírio Bashar Al-Assad disse aceitar o plano de paz proposto por Kofi Annan, mas combates continuaram a ser registrados entre o governo e a oposição, com relatos da morte de 40 pessoas na última sexta-feira. A ONU afirma que mais de 9.000 pessoas foram mortas desde o início do levante contra o regime do presidente Bashar al-Assad, há um ano. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.