Rússia alerta que pode expulsar diplomatas americanos em retaliação à decisão de 2016 dos EUA

Quando era presidente, Barack Obama ordenou a expulsão de 35 diplomatas da Rússia suspeitos de serem espiões; porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo disse que o tempo para Washington agir ‘está acabando’

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Por Redação
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MOSCOU - A Rússia disse nesta sexta-feira, 14, que há muitos espiões americanos atuando em Moscou sob disfarce de diplomatas, e alertou que pode expulsar alguns deles como forma de retaliação aos EUA pela expulsão de 35 diplomatas russos de Washington em 2016.

O aviso, feito pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, reflete um aumento da frustração de Moscou com relação à recusa da gestão Trump em devolver duas missões diplomáticas que foram confiscadas ao mesmo tempo em que alguns diplomatas russos foram enviados para casa em 2016.

Vladimir Putin (esq.)decidiu não retaliar imediatamenteà expulsão dos 35 russos pelos EUA, e afirmou que iria esperar para ver o que a gestão de Donald Trump fariaa respeito Foto: AP Photo/Evan Vucci

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O ex-presidente americano Barack Obama, que estava no comando da Casa Branca na época, ordenou em dezembro a expulsão de 35 russos suspeitos de serem espiões, além da apreensão de duas missões diplomáticas, em razão do que ele disse ser uma invasão aos grupos políticos americanos durante a eleição presidencial, algo que a Rússia nega.

O líder russo, Vladimir Putin, decidiu não retaliar imediatamente e afirmou que iria esperar para ver o que a gestão de Trump faria a respeito.

Maria Zakharova denunciou nesta sexta-feira que oficiais americanos não estavam emitindo vistos para diplomatas russos para permitir que Moscou substitua os funcionários expulsos e obtenha sua embaixada de volta.

“Temos uma forma de responder”, disse ela em uma entrevista coletiva. “O número de funcionários na embaixada dos EUA em Moscou excede os da nossa embaixada em Washington por uma margem grande. Uma de nossas opções, com exceção da expulsão por retaliação dos americanos, seria sermos iguais nos números.”

A porta-voz afirmou ainda que se não houver logo uma mudança na disputa entre EUA e Rússia, Moscou terá de retaliar e sugeriu que os espiões americanos que atuam na Rússia estariam entre os expulsos. “Há muitos funcionários da equipe de espionagem da CIA e do Pentágono trabalhando na missão diplomática americana, cujas atividades não correspondem ao seu status”, disse ela.

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Maria destacou que o tempo para Washington agir “está acabando”. “Não queremos recorrer a medidas extremas. Se é o único modo de fazer nossos colegas americanos entenderem, teremos que agir.”

Questionada sobre quando Moscou poderia retaliar, a porta-voz sugeriu que ainda iria depender do resultado do encontro em Washington que ocorrerá na segunda-feira entre o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Ryabkov, e o subsecretário de Estado americano, Thomas Shannon.

“Não há um prazo preciso. Tudo depende da reação do lado americano, suas ações concretas, e dos resultados das consultas que irão acontecer em Washington.” / REUTERS

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