Sauditas atacam depósito de armas de rebeldes no Iêmen

Cruz Vermelha diz que situação é catastrófica; ações acabaram com as esperanças de uma paralisação nos combates para permitir a entrada de ajuda

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SANAA - A situação humanitária no Iêmen tornou-se catastrófica, afirmou a Cruz Vermelha nesta segunda-feira, 27, à medida que aeronaves comandadas pela Arábia Saudita atacaram membros da milícia Houthi, aliada do Irã, e unidades do exército de rebeldes pelo segundo dia. As ações acabaram com as esperanças de uma paralisação nos combates para permitir a entrada de ajuda. Moradores disseram que aviões de combate realizaram de 15 a 20 missões contra grupos de combatentes houthis e depósitos de armas em Dhalea, capital da província de Al-Dhalea, e na cidade vizinha de Qa'ataba entre o amanhecer e 9h (horário local), desencadeando uma série de explosões que durou mais de duas horas.

Iemenitas olham através de um buraco feito por um ataque aéreo saudita em Sanaa.Foto:Hani Mohammed/AP Foto:

Os combates se intensificaram no domingo, depois de um período de calmaria na sequência de um anúncio feito pelo governo saudita, na semana passada, de que estava encerrando sua campanha de bombardeios após quase cinco semanas de duração, exceto em locais onde os houthis avançavam, para permitir o acesso de alimentos e remédios. Uma coalizão de países árabes liderada pela Arábia Saudita, incomodados com o que consideram ser uma expansão da influência iraniana na Península Arábica, está tentando impedir que combatentes houthis e aliados do ex-presidente Ali Abdullah Saleh assumam o controle do Iêmen. Mas a campanha aérea teve pouco sucesso e ajuda vital tem sido impedida de chegar aos necessitados por ambos os lados do confronto. Os houthis têm parado comboios de caminhões que chegam à cidade portuária de Áden, no sul, e um bloqueio feito pelas Marinhas da coalizão liderada pelos sauditas procurando navios com armas estava impedindo a distribuição de alimentos por via marítima. "Já era difícil o bastante antes, mas agora simplesmente não há palavras para o quão ruim ficou", disse a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) Marie Claire Feghali. "É uma catástrofe, uma catástrofe humanitária." O ministro dos Direitos Humanos iemenita, Izzedine al-Asbahi, concordou. "A guerra e seus resultados levaram o Iêmen cem anos para trás devido à destruição de infraestruturas... especialmente nas províncias de Áden, Dhalea e Taiz", disse ele em uma entrevista coletiva na capital saudita, Riad. As telecomunicações dentro Iêmen e com o mundo exterior podem ser cortadas dentro de dias devido a uma escassez de combustível, disse a agência de notícias estatal Saba, citando o diretor de telecomunicações. A escassez de combustível também estava impedindo os comerciantes de transportar alimentos para o mercado, segundo o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas. / REUTERS

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