TEERÃ - O ministro iraniano de Esportes, Mohamed Reza Davarzani, anunciou nesta quinta-feira, 10, que dois jogadores foram afastados da seleção de futebol do país depois de enfrentarem pelo clube que defendem - o Panionios, da Grécia - uma equipe israelense, contrariando as normas do país islâmico.
"Ehsan Hajsafi e Masoud Shojaei já não fazem parte da seleção do Irã porque ultrapassaram uma linha vermelha", disse Davarzani em entrevista à emissora estatal IRIB.
Os dois jogadores se recusaram a participar em julho do jogo de ida da terceira rodada da fase de qualificação para a Liga Europa contra o Maccabi Tel-Aviv, em Israel, mas disputaram o jogo de volta na semana passada, na Grécia. Na ocasião, eles foram elogiados pelo ministro de Relações Exteriores de Israel, que em sua conta no Twitter publicou mensagem dizendo que eles tinham "quebrado um tabu".
"Nos últimos 38 anos (desde a criação da República Islâmica), nenhum dos nossos esportistas aceitou enfrentar esportistas do regime sionista (Israel). Nem mesmo nos Jogos Olímpicos", disse o ministro iraniano.
"Agora, esses jogadores de futebol ignoraram esta questão em razão do compromisso que têm com seu clube. Mas onde está o compromisso deles com a grande nação do Irã?", questionou Davarzani.
Israel e Irã se consideram inimigos e não mantêm nenhuma relação diplomática. Teerã considera que aceitar participar de uma disputa esportiva contra atletas israelenses equivale a reconhecer o Estado de Israel e, consequentemente, abandonar a causa palestina.
No início desta semana, um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã recomendou aos atletas do país com carreira no exterior que deixem claro em seus contratos que nunca enfrentarão rivais israelenses.
Além disso, na semana passada o vice-presidente da associação de futebol do país, Ali Kafashian, afirmou em declarações ao portal Mizan Online que os dois jogadores do Panionios "deveriam ter se recusado a jogar mesmo que isso resultasse na anulação de seus contratos".
Outros jogadores da seleção iraniana de futebol como Ali Karimi e Mehdi Taremi, no entanto, defenderam os dois atletas punidos, dizendo que eles não tinham outra opção que não fosse jogar a partida da Liga Europa. / AFP