‘Selva’ tem comércio intenso, mesquitas, bares e festas
Ameaçada de desmonte pelo governo, favela ganha estrutura urbana precária de cidade no intervalo de seis meses
Por CALAIS
Atualização:
No momento em que o sol se punha no norte da França na sexta-feira, um megafone foi acionado no campo de imigrantes. Falando em árabe, uma voz masculina irrompeu o descampado tomado de barracos com o chamado à oração islâmica.
A mesquita é apenas um entre os vários centros religiosos muçulmanos e católicos instalados em tendas da “selva”. Em torno dos locais de culto, a favela se transforma pouco a pouco em uma cidade miserável, com uma escola, uma biblioteca, um teatro, pequenos mercados, padarias, restaurantes, barbearias e até bares e boates. No início da noite, uma avenida principal de chão batido e muita lama borbulha de pessoas, parte oferecendo comércio e serviços, outra parte, consumindo.
A 'nova selva' em Calais, na França
1 / 22A 'nova selva' em Calais, na França
Nova selva em Calais
A água é escassa no campo de imigração ilegal na região de Calais, na França Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
A água é escassa no campo de imigração ilegal na região de Calais, na França Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
A água é escassa no campo de imigraçãoilegal na região de Calais, na França Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Imigrantes vivem em campo improvisado na região de Calais Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Kabil Omarhel, de 14 anos, chegou do Afeganistão Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Bahadel Djabahel, de 15 anos, e Kabil Omarhel, de 14, são imigrantes do Afeganistão Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Ocampo de migrantes de Calais, conhecido como "nova selva" Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Imigrantes improvisam moradia na "nova selva" em Calais Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Igreja improvisada no acampamento ilegal de Calais Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Béniamin Mabte, migrante eritreu que atravessou o Mar Mediterrâneo Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Lixo acumulado no campo "nova selva", em Calais Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Campo de migrantes de Calais, na França Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Daniel Tekaly, 20 anos, migrante eritreu que cruzou o Mediterrâneo em bote Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Migrantes anônimos que se deixaram fotografar durante tentativa de cruzar o Eurotúnel Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Migrantes anônimos que se deixaram fotografar durante tentativa de cruzar o Eurotúnel Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Ali A., 26 anos, sírio de Darha que fugiu do país para não ter de lutar no Exército de Bashar Assad Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Barreira da polícia contra os estrangeiros que tentam ingressar na área do Eurotúnel em Calais Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Barreira da polícia contra os estrangeiros que tentam ingressar na área do Eurotúnel em Calais, na França Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Barreira da polícia contra os estrangeiros que tentam ingressar na área do Eurotúnel em Calais Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Migrantes anônimos que se deixaram fotografar durante tentativa de cruzar o Eurotúnel Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Migrantes anônimos que se deixaram fotografar durante tentativa de cruzar o Eurotúnel Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
Nova selva em Calais
Barreira da polícia contra os estrangeiros que tentam ingressar na área do Eurotúnel em Calais Foto: ANDREI NETTO/ESTADAO
PUBLICIDADE
Ali Shan Mohmoud, 24 anos, em Calais há quatro, é um dos comerciantes estabelecidos na favela. Sua loja vende de bebidas energéticas, que ele próprio consome compulsivamente, a luvas para o frio. “Ganho pouco, não muito”, garantiu. Radicado na “selva”, Ali diz ainda sonhar em viver na Grã-Bretanha, mas não parece disposto a arriscar a vida por isso. “Se não der para ir, vou para os EUA.”
Por ora, a batalha mais imediata das ONGs que defendem os imigrantes do local é para impedir o desmonte da zona sul da “selva”. “Nós queremos a abertura de um diálogo com as associações locais”, diz Marianne Humbersot, advogada que presta assessoria ao imigrantes por meio de uma ONG, a No Border, que tem um centro jurídico instalado na favela. “Nós não queremos a ‘selva’, mas nós queremos que as soluções sejam humanas”, argumenta.
A essas críticas, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, respondeu na sexta-feira: “Não há ideal humanitário na lama e na precariedade”.