WASHINGTON - A visita durou apenas três horas, com direito a dois apertos de mão - na chegada e na partida - e dois protocolares beijos nas faces. O encontro entre a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente americano Donald Trump, nesta sexta-feira, 27, em Washington, teve bem menos calor humano do que a visita oficial do presidente francês Emmanuel Macron à Casa Branca, no começo da semana.
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Em termos práticos, o encontro também ficou aquém do esperado. Trump e Merkel discutiram relações econômicas, combate ao terrorismo, aproximação entre as Coreias e o acordo nuclear do Irã. Trump, em breves comentários ao lado de Merkel no Salão Oval, a chamou de uma “mulher extraordinária”, a felicitou por sua recente reeleição e contestou a ideia de que o relacionamento entre eles era gelado. “Temos um ótimo relacionamento. Na verdade, tivemos um ótimo relacionamento desde o começo”, disse Trump, que já teve com Merkel todo tipo de desacordo.
Apesar de sua visita ser curta, a mensagem de Merkel foi semelhante à da Macron – que os EUA e a Europa não podem ficar brigando em questões fundamentais, do comércio global à segurança internacional.
Na entrevista coletiva, ficou claro que, apesar das visitas consecutivas, as divisões de Trump com a Europa ainda são substanciais. Trump criticou a Europa e a Alemanha pelo que chamou de “desequilíbrios da balança comercial” entre os EUA e a Alemanha. Ele também repreendeu os alemães por não cumprirem suas obrigações de defesa com a Organização do Tratado do Atlântico Norte, dizendo que é “essencial que nossos aliados da Otan aumentem sua contribuição financeira”.
O presidente americano também voltou a lembrar que a reaproximação das Coreias teve influência das sanções econômicas contra o regime de Kim Jong-un, medidas que tiveram apoio da Alemanha e de outros aliados. E assim como fez com Macron, exortou a Alemanha a endurecer as conversas com o Irã para tentar melhorar o acordo nuclear firmado entre iranianos e outros seis países: EUA, Alemanha, França, Rússia, China e Reino Unido.
É esperado que Trump retire os EUA do acordo nuclear com o Irã no mês que vem, apesar dos apelos de Macron no início da semana e de Merkel, ontem. Merkel usou seu encontro com Trump para tentar discutir as diferenças, chamando o acordo da era Barack Obama de um “primeiro passo” para reduzir e conter as ambições regionais do Irã e sugerir abertura para um acordo paralelo.
“Precisamos de mais garantias de que o Irã não vai trabalhar para desenvolver armas nucleares, e seria importante melhorar o acordo nuclear com o Irã”, disse Merkel. “Temos de lutar contra as tentativas do Irã de se tornar uma potência nuclear e também acreditamos que seja necessário levar adiante mais verificação e mais monitoramento”, acrescentou a chanceler.
Embora seja pouco provável que a Alemanha aceite reescrever o acordo anterior, o governo de Berlim indicou que está preparado para adicionar termos ao acordo, ou negociar um tratado paralelo, para adicionar ações que consigam reprimir o programa de mísseis balísticos de Teerã e refreiem os esforços iranianos para fortalecer seu papel estratégico no Oriente Médio. No início desta semana, Macron deixou claro que a França não seguirá o exemplo americano se Trump decidir se retirar do acordo iraniano./ W.POST, EFE, AFP, NYT