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Semana de terror evidencia desespero do EI

Para especialistas, grupo ainda é grande ameaça, que conseguiu espalhar suas atividades para várias regiões

Por USA TODAY e WASHINGTON
Atualização:

Três cidades em países separados foram alvo de ataques de suspeitos de integrar o Estado Islâmico, na semana passada, constituindo um violento golpe à segurança nessas regiões e aumentando os temores com relação aos recursos em mãos dos militantes e onde o grupo poderá atacar em breve.

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Esse reinado do terror incluiu o atentado suicida no domingo em Bagdá que matou mais de 200 pessoas, a captura de reféns, no fim de semana, em um restaurante em Daca, capital de Bangladesh, e ataques a bomba no aeroporto de Istambul que causou a morte de 45 pessoas.

Esses massacres demonstram que o Estado Islâmico criou células em todo o mundo e ainda é capaz de atentados atrozes apesar de recentes derrotas no campo de batalha.

“O Estado Islâmico vem perdendo território no Iraque e na Síria, mas ainda é um formidável oponente e muito perigoso”, disse Bruce Riedel, ex-oficial da CIA e analista da Brookings Institution.

O grupo militante anunciou que os ataques em Bagdá e Daca foram comandados por ele e há suspeitas de que ele seja o responsável pelo atentado no aeroporto de Istambul.

Como nos últimos dois anos o EI vem amargando perdas em operações militares mais convencionais, agora se concentra em atos terroristas e de guerrilha, disse Daniel Byman, professor da Walsh School of Foreign Service da Georgetown University.

“Já observamos que o número de combatentes estrangeiros que partem para Iraque e Síria diminuiu. Do ponto de vista do Estado Islâmico, esses são ataques de desespero. Mas são bem-sucedidos, o que indica que novos atos ocorrerão”, disse Byman, membro sênior no Center for Middle East Policy na Brookings Institution. Byman acrescentou que quanto mais desesperado, mais o grupo dependerá de amadores.

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“O EI tem dezenas de milhares de indivíduos espalhados não só no Oriente Médio, mas na África Ocidental, Sudeste Asiático e em outros lugares”, disse o diretor da CIA John Brennan no Council of Foreign Relations.

A presença do Estado Islâmico em outras partes da Ásia também cresceu nos últimos anos, embora ela seja maior no Oriente Médio. Na Líbia a organização terrorista possui 6 mil combatentes.

O atentado no domingo em Bagdá - o mais letal em um ano e um dos piores em mais de uma década de guerra e insurgência - reflete uma mudança de estratégia do Estado Islâmico. Como o grupo vem sendo escorraçado de território que controla no Iraque e na Síria, tem recorrido a ataques terroristas mais convencionais contra alvos civis.

O ataque com um caminhão-bomba ocorreu uma semana depois de forças iraquianas apoiadas por americanos recapturarem Falluja, cidade situada a 56 quilômetros da capital, uma importante derrota sofrida pela organização terrorista.

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O governo iraquiano esperava que a expulsão dos militantes de Falluja ajudaria a impedir o EI de entrar com bombas em Bagdá, uma vez que por Falluja passam as principais estradas para a capital. A campanha aérea dos Estados Unidos também foi ampliada com ataques contra fábricas de carros-bomba dos militantes, num esforço para impedir ataques terroristas de grande impacto, que constituem um risco à estabilidade do governo iraquiano apoiado pelos Estados Unidos.

Em Daca, um cerco de 10 horas em um restaurante no centro do bairro diplomático da capital de Bangladesh terminou com 20 reféns e dois policiais mortos. Os reféns que não sabiam recitar passagens do Alcorão foram separados e assassinados a facadas e machadadas. Seis terroristas foram mortos pela polícia.

“No caso do EI e sua ligação com o terrorismo internacional em Bangladesh, o país foi mencionado várias vezes no Dabiq, seu jornal online”, afirmou à CNN o diretor de segurança internacional da Asia Pacific Foundation, Sajjan Gohel.“E mencionaram que estão cometendo novos ataques, que iriam aumentar o ritmo e convocaram voluntários de Bangladesh a se juntar ao grupo”.

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“O Estado Islâmico estabeleceu presença em Bangladesh, país predominantemente muçulmano, como já tem em outras partes do mundo, disse Patrick Johnston, analista na Rand Corporation. O grupo tem conseguido se inserir em lugares como Bangladesh se aproveitando de ressentimentos de indivíduos locais e governos fracos, afirmou Johnston.

Há uma semana, três suspeitos de serem terroristas do Estado Islâmico detonaram explosivos na terça-feira no Aeroporto Ataturk em Istambul. Moradores disseram que já esperavam que algo deste tipo ocorreria novamente na Turquia, que no ano passado foi alvo de quase 20 ataques terroristas que mataram 300 pessoas e feriram mais de mil.

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“Praticamente todo mês, desde junho de 2015, ocorreram atentados suicidas em todo o país”, disse Ege Memis, um estudante de 24 anos. “As pessoas só contam com a sorte, sua única proteção”.

A crescente ameaça terrorista aumenta o risco de uma desestabilização da Turquia, membro da Otan e aliada dos Estados Unidos na guerra contra o Estado Islâmico.

“A Turquia está vulnerável ao terrorismo”, disse Bulent Aliriza, analisa do Centro de Estudo Internacionais e Estratégicos. “Há um ano o país está numa situação difícil, de um lado cooperando com os Estados Unidos e de outro tentando evitar retaliações do Estado Islâmico. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO