Sentença de morte para ex-presidente do Egito preocupa EUA, ONU e Turquia

WASHINGTON - Os Estados Unidos e a Organização das Nações Unidas manifestaram nesta segunda-feira profunda preocupação com as penas de morte contra o ex-presidente egípcio Mohamed Morsi e outros membros do proscrito movimento Irmandade Muçulmana. A Turquia, por sua vez,alertou para o risco de turbulência no Oriente Médio caso as penas sejam cumpridas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que vai acompanhar de perto o processo de apelação contra as sentenças de morte e defendeu ações que promovam o estado de direito. O Departamento de Estado americano afirmou que a prática do Egito de realizar julgamentos coletivos é injusta e muitas vezes usada contra membros da oposição ou ativistas não violentos. "Estamos profundamente preocupados com mais uma sentença de morte coletiva proferida por um tribunal egípcio para mais de 100 réus, incluindo o ex-presidente Morsi", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Jeff Rathke, a jornalistas em Washington. Um tribunal egípcio pediu no domingo a pena de morte para Morsi e 106 apoiadores da Irmandade Muçulmana, por ligação com uma fuga em grupo da prisão em 2011. A defesa de Morsi poderá recorrer da sentença, que ainda deve ser submetida ao mufti, autoridade máxima religiosa do país. A decisão definitiva deve sair em 2 de junho.  Em Ancara, o porta-voz presidencial da Turquia, Ibrahim Kalin, advertiu que o Oriente Médio entrará em turbulência se o Egito cumprir as sentenças de morte. Ele acrescentou que as sentenças são "uma violação da justiça" e pediu à comunidade internacional que rejeite com firmeza as condenações.

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Atualização:

Morsi, eleito democraticamente presidente do Egito em junho de 2012 pelo Partido da Liberdade e Justiça (braço político da Irmandade Muçulmana), foi deposto pelos militares em julho de 2013, depois de vários dias de grandes protestos nas ruas do país. O golpe foi liderado pelo então chefe do Exército e atual presidente, Abdul Fatah al-Sisi.
Em abril, Morsi foi sentenciado a 20 anos de prisão pelas mortes durante violentos protestos nas imediações do palácio presidencial, em dezembro de 2012, por estar implicado na detenção e tortura de manifestantes durante seu mandato. Ele enfrenta ainda outras acusações, entre elas insultar o Judiciário e entregar informações confidenciais a países estrangeiros. / REUTERS

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