Separatistas curdos propõem a Iraque congelar resultado de referendo

Pressionado militarmente, governo autônomo propõe diálogo com governo central com base na Constituição

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IRBIL, IRAQUE - Pressionado pelo governo central iraquiano, o governo autônomi do Curdistão propôs nesta quarta-feira,25, congelar os resultados do referendo para a independência para tentar encontrar uma solução para o conflito.  As autoridades iraquianas não responderam até o momento.

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A região votou por sua independência em um referendo no mês passado. Apoiado por Turquia e Irã, que também têm minorias curdas em seus territórios, o governo iraquiano acabou com as aspirações independentistas ao enviar tropas para a região. Em poucos dias os militares retomaram quase todas as zonas disputadas com os curdos, sem o registro de muitos combates.

As autoridades de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, rejeitavam em bloco qualquer condição prévia para iniciar um diálogo com Bagdá. Mas na terça-feira foram registrados confrontos entre as forças curdas e iraquianas ao norte, na fronteira com a Turquia, e o governo nacional afirmou que estava determinado a retomar todas as passagens de fronteira e terminais da região autônoma, sob controle dos combatentes curdos.

O presidente da região autônoma do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani Foto: Azad Lashkari / Reuters

Nas últimas semanas, Bagdá retomou amplas faixas do território que eram controladas pelos combatentes curdos, em particular na província de Kirkuk.  Em um comunicado publicado durante a noite, o governo curdo propôs ao "governo e à opinião pública iraquiana o congelamento dos resultados do referendo (...) e o início de um diálogo aberto entre o governo do Curdistão e o governo central com base na Constituição". 

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O texto também propõe um "cessar-fogo imediato e o fim das operações militares no Curdistão", depois que 30 combatentes curdos, membros as forças do governo e milicianos paramilitares iraquianos morreram nas operações em áreas de disputa, em particular em Kirkuk.  Ao perder os imensos campos de petróleo, o Curdistão viu afastada qualquer possibilidade de ter um Estado viável economicamente, afirmaram os analistas. 

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A ONU, que já propôs um plano alternativo de negociações ao referendo, reiterou na terça-feira a proposta de diálogo entre Bagdá e Erbil. O Parlamento curdo, em consequência da crise, adiou as eleições legislativas e presidencial previstas para o dia 1 de novembro.A oposição curda exige a renúncia do presidente do Curdistão, Masud Barzani, e um "governo de união nacional" para evitar ainda mais divisões na região./ AFP

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