'Sim' lidera referendo sobre aborto na Irlanda, diz boca de urna

Vitória deve derrubar 'oitava emenda' constitucional, que permite a interrupção da gravidez apenas em circunstâncias excepcionais e alta punição para mulheres que abortarem; legislação é a mais restritiva da Europa

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Por Redação
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DUBLIN - A República da Irlanda, país com forte tradição católica, votou amplamente no referendo a favor da anulação da proibição constitucional ao aborto, segundo pesquisa de boca de urna. 

Cartaz da campanha pelo "sim" à reforma da lei do aborto na Irlanda Foto: EFE/ Aidan Crawley

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O 'sim' lideraria com 68% dos votos frente a 32% para o 'não' à reforma da lei, segundo consulta do instituto Ipsos/MRBI realizado para o jornal Irish Times com 4 mil eleitores.

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Os centros de votações abriram cedo, às 6h (hora local). Pouco mais de 3 milhões de pessoas eram esperadas para a consulta convocada pelo governo do partido democrata-cristão Fine Gael, com o objetivo de amenizar a legislação vigente.

O referendo perguntava 'sim' ou 'não' ao fim da chamada "oitava emenda", incluída em 1983 na Constituição, que garante igualmente o direito à vida do "não nascido" e da mãe.

De acordo com esta disposição, a lei do aborto promulgada em 2013, a primeira da história da Irlanda, permite apenas a interrupção da gravidez em circunstâncias excepcionais, como quando a vida da mãe está em perigo, que inclui a ameaça de suicídio, mas não contempla casos de incesto, estupro ou malformação do feto.

Também prevê penas de prisão de até 14 anos para a mulheres que abortem e para profissionais que realizem o procedimento.

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Se a "oitava emenda" desaparecer, o governo do Fine Gael, no poder desde 2011, redigirá uma nova legislação para permitir o aborto em todas as circunstâncias durante as primeiras 12 semanas de gravidez e, em casos excepcionais, até 24 semanas.

O Executivo, juntamente com os principais partidos da oposição, grupos de direitos humanos e maioria dos coletivos médicos, pediu o "sim" neste referendo, o sexto realizado sobre este tema em 35 anos.

No lado oposto, a Igreja Católica e os grupos pró-vida se opõem à reforma da lei, dizendo que ela abrirá as portas para o "aborto sob demanda" e o fim das gestações de fetos com deficiências físicas ou mentais. / AFP e EFE 

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