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Soldados do Azerbaijão morrem em novos conflitos com armênios em Nagorno Karabakh

Ao menos 33 militares de ambos os lados morreram desde a retomada das hostilidades, as mais sangrentas desde o cessar-fogo instaurado entre os dois países em 1994

Atualização:

BAKU - O Exército do Azerbaijão anunciou nesta segunda-feira, 4, a morte de três de seus soldados em confrontos com as forças da Armênia na região de Nagorno Karabakh, onde os combates prosseguem pelo terceiro dia consecutivo, apesar dos apelos à paz feitos pela comunidade internacional.

Ao menos 33 militares dos dois lados e três civis morreram desde a retomada - na noite de sexta-feira - das hostilidades, as mais sangrentas desde o cessar-fogo instaurado entre os dois países em 1994. Além disso, 200 militares ficaram feridos.

O Ministério da Defesa da Armênia denunciou que os confrontos entre seus soldados e as tropas do Azerbaijão continuam em toda a linha de separação Foto: Vahram Baghdasaryan, PHOTOLURE via AP

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O Ministério da Defesa da Armênia denunciou que os confrontos entre seus soldados e as tropas do Azerbaijão continuam em toda a linha de separação. O porta-voz do órgão, Artsun Ovannisian, disse no Facebook que as forças do país destruíram dois tanques do inimigo nas últimas horas.

"É uma penosa tentativa da Armênia de disfarçar a verdade. Recomendaria que Ovannistan vá ele próprio à linha de frente e comprove suas mentiras", respondeu o porta-voz do Ministério da Defesa do Azerbaijão, Vagif Dargiajli.

Este conflito, cuja origem remonta a vários séculos, se cristalizou durante o período soviético, quando Moscou atribuiu o território majoritariamente armênio à república socialista soviética do Azerbaijão.

Além disso, tem como palco uma região do Cáucaso estratégica para o transporte de hidrocarbonetos, e é perto do Irã, da Turquia e às portas do Oriente Médio.

A escalada militar ocorre em um momento em que a Rússia, que mantém boas relações com a Armênia, e a Turquia, tradicional aliada do Azerbaijão, atravessam uma grave crise diplomática em razão da guerra na Síria.

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Esta região passou para o controle das forças separatistas pró-armênias após uma guerra entre 1988 e 1994 que deixou 30 mil mortos e centenas de milhares de refugiados, principalmente azeris.

Apesar da vigência desde 1994 de um cessar-fogo, nunca foi assinado um acordo de paz definitivo e, após vários anos de calma relativa, nos últimos meses ocorreu uma escalada da violência, a ponto de Yreván ter afirmado em dezembro que a guerra havia voltado.

Ameaça. No campo militar, os três soldados azeris morreram por tiros de morteiro e lança-granadas a partir das barricadas ocupadas pelas forças armênias, indicou o ministério da Defesa. "Se as provocações armênias continuarem, lançaremos uma grande operação ao longo da linha de frente e utilizaremos todas as nossas armas", disse à imprensa o porta-voz do ministério, Vagif Dargahly.

O ministério da Defesa da região separatista, apoiado pela Armênia, disse que as tropas do Azerbaijão "intensificaram nesta segunda-feira seus bombardeios sobre as posições do Exército em Karabakh, utilizando morteiros de 152 mm, lança-foguetes e carros.

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As forças armênias "avançaram muito em algumas zonas do front e tomaram novas posições", declarou o porta-voz do Ministério armênio da Defesa, Artsrun Hovhannisyan. No entanto, o Azerbaijão disse que estas declarações eram falsas e afirma controlar desde sábado todas as colunas estratégicas de Nagorno Karabakh.

No domingo, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, declarou vitória. "Conseguimos uma grande vitória militar. Se os soldados armênios não quiserem morrer, que deixem o território azerbaijano. Nós não capturamos território alheio", disse o presidente em referência à Karabakh e à faixa de segurança controlada pelas forças armênias desde o fim da guerra em 1994, que causou mais de 25 mil mortos.

A Rússia e os ocidentais pediram ao Azerbaijão e à Armênia o fim dos combates. O Azerbaijão, rico em petróleo e cujo orçamento de defesa é às vezes mais importante que o orçamento total da Armênia, ameaça regularmente retomar à força a região separatista.

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No domingo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a Turquia apoiará o Azerbaijão até o fim deste conflito. "Rezamos para que nossos irmãos azeris triunfem nestes combates com o menor número de baixas possível", afirmou Erdogan. /AFP e EFE

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