Sucessor de presidente do Peru deixou gabinete após escândalo

O ex-vice de Pedro Pablo Kuczynski, Martín Vizcarra, enviado ao Canadá após denúncias no Ministério dos Transportes, deve cumprir mandato até 2021

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LIMA - O ex-vice de Pedro Pablo Kuczynski, Martín Vizcarra, ganhou uma inesperada incumbência nesta quarta-feira, dia 21, um dia antes de completar 55 anos: assumir a chefia de Estado do Peru após a renúncia do presidente PPK. Sem nem mesmo ter chegado ao Peru para assumir o poder – ele é embaixador no Canadá e deve aterrissar no país nesta quinta-feira, dia 22 –, Vizcarra já enfrenta dúvidas sobre sua capacidade de completar o mandato, que vai até julho de 2021.+ Crise no Peru ameaça realização de Cúpula das Américas

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O presidente do Peru, Martin Vizcarra, em foto de 2017 Foto: REUTERS/Guadalupe Pardo

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Em julho de 2016, o recém-eleito vice-presidente era uma figura emergente na política peruana. Nascido em Lima, o engenheiro civil foi criado no Departamento de Moquegua, no sul do Peru e dedicou grande parte de sua vida à área de construção. Só entrou para a política em 2010, eleito governador de Moquegua. Seu governo recebeu elogios e ele surpreendeu quando decidiu não buscar a reeleição. 

Em 2016, aceitou o convite para participar da chapa de Kuczynski como seu vice. Após a vitória eleitoral, assumiu também o Ministério dos Transportes, onde começou a enfrentar seus maiores problemas. O governo decidiu ajudar com dinheiro um consórcio argentino-peruano, ao qual foi encomendada a construção de um novo aeroporto em Cuzco, e admitiu não ter recursos para cumprir o compromisso.

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A oposição acusou Viscarra de favorecer empresas privadas e lhe atribuiu delitos que não foram comprovados. Por fim, opositores recorreram a uma moção de censura por incompetência para afastá-lo do ministério. Vizcarra optou pela renúncia.

Em uma espécie de exílio, foi enviado como embaixador ao Canadá, onde manteve silêncio sobre o processo para destituir PPK. Para analistas, Vizcarra, um liberal, não mostrou jogo de cintura para enfrentar a oposição de direita radical como ministro. Por isso não está claro se o conseguirá como presidente. 

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Um dos cenários, segundo a agência DPA, é que ele exerça o cargo como um virtual refém da oposição, liderada pela ex-candidata presidencial Keiko Fujimori.

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O analista político Enrique Castillo disse ao diário El Comércio que Vizcarra deverá armar “com muita inteligência” um novo gabinete, cujos integrantes possam formar pontes de diálogo com diferentes setores. 

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“Um dos primeiros desafios será enfrentar a resistência interna. Inicialmente, a segunda vice-presidente Mercedes Aráoz disse que sairia do governo, o que deixaria Vizcarra sem vice-presidente. Ele terá de recompor o gabinete, pois todos os ministros cerraram fileiras com Kuczynski e praticamente quiseram forçar Vizcarra a deixar o cargo. Em caso de desistência de Vizcarra, quem assumiria seria Aráoz, a segunda vice-presidente. 

Se ele e Aráoz renunciarem , a Constituição determina que o presidente do Congresso convoque nova eleição, que escolheria não só um novo presidente, mas também trocaria todo o Parlamento. / COM EFE 

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