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Tema dos islâmicos dominará debate republicano

Trump chega fortalecido ao embate com aumento de vantagem sobre rivais após propor barrar entrada de muçulmanos

Por Cláudia Trevisan e correspondente/Washington
Atualização:

WASHINGTON - O terrorismo e o tratamento dos muçulmanos deverão estar no centro do debate que os pré-candidatos republicanos à presidência dos EUA realizam na noite de hoje em Las Vegas. O bilionário Donald Trump chega ao embate fortalecido por novo aumento de sua vantagem sobre os rivais – impulsionado pela proposta de barrar a entrada de islâmicos nos EUA que apresentou após o atentado que deixou 14 mortos em San Bernardino há 13 dias.

Pesquisa da Universidade Monmouth divulgada ontem mostra que 41% dos eleitores republicanos pretendem votar em Trump – alta de 13 pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em outubro. Os aspirantes à nomeação do partido tentarão convencer os eleitores de que são os mais qualificados para combater o Estado Islâmico, no momento em que a opinião pública americana aponta o terrorismo como sua principal preocupação.

4º debate entre pré-candidatos republicanos Foto: Scott Olson/AFP

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Criticada pela maioria dos outros pré-candidatos republicanos, a proposta de impedir a entrada de muçulmanos nos EUA parece ter sido bem aceita por parcela significativa dos eleitores da legenda, a julgar pelos resultados do levantamento. 

“Está abundantemente claro que Trump está dando a seus partidários exatamente o que eles querem, mesmo que isso leve a liderança do partido e muitos republicanos a se encolher”, disse Patrick Murray, diretor do instituto de pesquisa da Universidade Monmouth.

Apesar de ampliar sua liderança nacionalmente, Trump está ameaçado pelo senador Ted Cruz em Iowa, Estado que será o primeiro a decidir quem deve ser o candidato republicano na disputa presidencial. Integrante da extrema direita do partido e estrela do Tea Party, Cruz lidera entre os eleitores locais, segundo pesquisa do jornal The Des Moines Register.

A sete semanas da decisão em Iowa, o senador registrou um salto de 21 pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em outubro, para 31%. Trump teve avanço tímido e passou de 19% para 21%. O grande perdedor do período foi o neurocirurgião Ben Carson, que caiu de 28% para 13%.

Trump e Cruz têm em comum a retórica inflamada em relação à política externa americana e ao combate ao Estado Islâmico. Ambos defendem bombardeios indiscriminados contra posições do grupo na Síria e no Iraque, proposta que analistas militares consideram ineficaz e arriscada. Esse tipo de ataque ameaçaria a vida de civis e destruiria infraestrutura necessária para a recuperação dos países.

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Os dois candidatos se apresentam como outsiders críticos da política tradicional e da maneira como as decisões são tomadas em Washington. Também são um pesadelo para os líderes republicanos, para quem as posições extremas de ambos podem inviabilizar a possibilidade de vitória do partido na eleição presidencial de novembro. O tom gentil com que o bilionário do setor imobiliário e o senador do Tea Party costumavam se tratar foi abandonado nos últimos dias.

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