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Tensão na Polícia por contradição no caso Jean Charles

É crescente a tenção interna na Polícia de Londres pela dificuldade de definir quando, exatamente, os comandantes souberam que o brasileiro foi morto por engano

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Metropolitana de Londres enfrenta crescentes tensões internas devido a versões contraditórias sobre quando exatamente os comandantes souberam da morte por erro do brasileiro Jean Charles de Menezes, segundo publica hoje o jornal The Daily Telegraph. O comissário-chefe de Polícia, Ian Blair, afirma que soube da tragédia, ocorrida em 22 de julho, no dia seguinte. Já o subcomissário Brian Paddick assegura que um membro de sua equipe, o também subcomissário John Yates, recebeu uma ligação telefônica de aviso no mesmo dia da execução, quando assistia a uma partida de "críquete" entre Inglaterra e Austrália, segundo o diário. Yates negou ter recebido tal chamada em uma declaração à Comissão de Queixas da Polícia (IPCC, sigla em inglês), que investiga o caso, contrariando a versão que Paddick apresentou a esse mesmo organismo. Jean Charles, de 27 anos, foi baleado na estação de metrô de Stockwell (sul de Londres) em 22 de julho de 2005, um dia depois dos fracassados atentados contra o transporte público de Londres. Horas depois da execução do eletricista mineiro, Ian Blair deu uma entrevista coletiva na qual assegurou que a vítima estava diretamente relacionada à operação antiterrorista, o que no dia seguinte teve que ser desmentido ao vazar a informação de que se tinha matado uma pessoa inocente. Blair assegura que só se inteirou do erro às 10h30 de 23 de julho. A versão de Blair pode ser questionada se for confirmado que seu principal assessor, o subcomissário John Yates, soube do erro horas depois da morte do brasileiro. A pedido da família de Jean Charles, a IPCC investiga atualmente se Ian Blair mentiu ao dar sua versão inicial dos fatos, quando assegurou que o brasileiro se tinha comportado de forma suspeita e desobedecido à Polícia. Além disso, Blair deve esclarecer quando se inteirou da inocência da vítima e confirmar se é verdade que seu homem de confiança, Yates, foi informado do erro poucas horas depois da execução, como afirma Paddick. A Scotland Yard assegurou que as afirmações de Paddick não estão corretas. O subcomissário não descarta a possibilidade de processá-lo sob a acusação de mentir.

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