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Terremoto mata mais de mil pessoas no Nepal e provoca avalanche no Everest

Pior tremor em 81 anos destrói casas, prédios e construções históricas; epicentro foi registrado a 80 quilômetros da capital, Katmandu

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Por Redação
Atualização:

Atualizado às 23h14

KATMANDU - Um terremoto de 7,8 na escala Richter atingiu ontem o Nepal, deixando pelo menos 1.800 mortos. O sismo foi o pior em 81 anos no país de 27 milhões de habitantes e destruiu casas, prédios e construções históricas. Na capital, Katmandu, centenas de pessoas ficaram soterradas nos escombros de construções.  O epicentro do tremor foi registrado em uma região a cerca de 80 quilômetros da capital. A força foi ainda mais devastadora pela profundidade do tremor – estimada em 7 quilômetros e considerada baixa para um terremoto. Pelo menos 16 abalos secundários atingiram o país até a noite de ontem.  Além das áreas mais populosas do Nepal – incluindo todo o Vale Katmandu, onde fica a capital e outras cidades grandes como Patan –, outros três países registraram danos e mortes provocados pelo tremor. Na Índia, 36 pessoas morreram nos Estados de Utar Pradesh, Bihar e Bengala Ocidental. A China registrou 12 mortes e outras quatro vítimas foram confirmadas em Bangladesh. O sismo também abalou o Monte Everest, causando avalanches que mataram alpinistas e soterraram parte do acampamento base das expedições (mais informações na página A15). “É um terremoto muito grande em uma área com população significativa e infraestrutura já fragilizada por tremores anteriores”, afirmou o especialista do Centro Geológico dos EUA, Paul Earle.  Auxílio. Dezenas de feridos lotavam os hospitais de Katmandu horas após o tremor. Outros tentavam chegar de áreas próximas, mas enfrentavam problemas para trafegar pelas estradas danificadas. O diretor do Grande Hospital Internacional da capital, Chakra Rai Pandey, disse à Reuters que não havia como lidar com o número de pacientes. “O fluxo é enorme. É muita pressão”, afirmou. 

Pandey criticou a reação das autoridades do país. O hospital estava sem insumos básicos e faltava água havia horas. “O governo não está preparado. Não estamos recebendo qualquer ajuda ou orientação. Estamos em choque. Não sabemos como serão os próximos dias. No primeiro dia, já estamos sofrendo tanto. O que virá depois?” O primeiro-ministro do Nepal, Sushil Koirala, estava em Jacarta, na Indonésia, quando o tremor ocorreu. Koirala, que viajou para uma reunião de cúpula na capital indonésia, tentou voltar Katmandu, mas todo o tráfego no aeroporto de Katmandu foi suspenso após o terremoto danificar a pista. Pânico. Morador de um subúrbio de Katmandu, o empresário Shrish Vaidya estava com sua família no sobrado onde vivem quando o terremoto começou.  “É difícil descrever. A casa estava tremendo. Corremos para fora e parecia que a rua estava se movendo para cima e para baixo”, relatou Vaidva à AP. “Não lembro de nada desse tipo. Nem meus pais conseguiam lembrar de nada parecido.” O maior terremoto da história do Nepal aconteceu em 1934. Com magnitude 8,1, o sismo matou cerca de 16 mil no país.  “Nossa vila foi destruída”, disse Vim Tamang, morador de Manglung. O local fica a poucos quilômetros do epicentro. “Todos os moradores correram para áreas abertas. Não sabemos o que fazer. Estamos desamparados.” Apesar das tentativas de fuga, Tamang disse que há feridos e desaparecidos no vilarejo.  Brasil. O governo brasileiro deu início a uma missão de localização e assistência a brasileiros residentes ou em viagem de turismo no Nepal após o terremoto. No início da noite, a presidente Dilma Roussef lamentou as mortes causadas pelo terremoto. “Declaro minha solidariedade aos povos desses países e, em especial, aos brasileiros que estão na região e a seus familiares.” Segundo o Itamaraty, até o início da tarde de ontem, não havia registro de brasileiros entre os mortos ou feridos, mas a busca continuaria. O setor de assistência consular, localizado em Brasília, também estava em contato com a embaixada brasileira no Nepal na tentativa de obter informações e transmiti-las a parentes de turistas. O último dado atualizado era de que um grupo de nove brasileiros em viagem ao Nepal já havia sido localizado e todos passavam bem. Segundo a GloboNews, a brasileira Mariana Malaguti Uchôa, de 26 anos, está desaparecida. Na embaixada do Brasil em Katmandu não houve danos ou feridos. O vice-cônsul estava percorrendo hotéis da região em busca de informações sobre brasileiros. Os demais funcionários tentam entrar em contato com grupos de cidadãos que vivem no país. O contato entre o Itamaraty e a embaixada, no entanto, estava prejudicado pelos danos causados pelo tremor. Todo o sistema de comunicação do Nepal funcionava precariamente. Um alpinista brasileiro que estava no campo base do Everest conseguiu fazer contato com a família para informar que estava a salvo (mais informações na página A15). Reações. O governo dos Estados Unidos anunciou o envio de equipes de socorristas e a liberação de US$ 1 milhão em auxílio para o Nepal. O secretário de Estado americano, John Kerry, enviou uma mensagem de condolências ao país asiático. “Os EUA estão com vocês neste momento difícil.”  A ONU informou que prepara uma “grande mobilização” para apoiar o governo nepalês nos trabalhos de resgate e reconstrução. O secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, também lamentou as perdas de vidas e os danos irreparáveis ao patrimônio histórico. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, convocou uma reunião de emergência e enviou um primeiro carregamento de ajuda humanitária para a região afetada no norte do país. Um avião militar indiano decolou com três toneladas de suprimentos e uma equipe de 40 trabalhadores de resgate. Modi também prometeu enviar outras três aeronaves e um hospital móvel de campanha.  Rússia, França e Paquistão emitiram notas de pesar e prometeram ajuda. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que equipes de resgate do país já estavam “prontas para embarcar” rumo à região do desastre.  O papa Francisco enviou condolências ao governo do Nepal. No Vaticano, Francisco disse que rezaria pelas vítimas da tragédia, que “compartilha a dor daqueles que sofreram”.  O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e a monarquia espanhola expressaram condolências e puseram-se à disposição para enviar auxílio para trabalhos de resgate e reconstrução. / AP, REUTERS e VICTOR MARTINS, DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

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