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Cessar-fogo temporário na cidade síria de Alepo termina e não é prorrogado

Comboio de ajuda humanitária que deveria entregar leite materno e ajuda médica e escolar à cidade de Daraya não conseguiu entrar no local

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Por Redação
Atualização:

BEIRUTE - A trégua temporária entre o regime sírio e os rebeldes na cidade de Alepo expirou na quinta-feira e não foi prorrogada, enquanto o comboio de ajuda humanitária que abasteceria Daraya teve sua entrada proibida. O conflito continua fazendo estragos e tirando vidas em toda a Síria.

Na província de Idleb, no norte do território sírio, mais de 60 bombardeios foram registrados contra um aeroporto militar controlado pela Frente Al-Nusra, braço sírio da Al-Qaeda, e outras facções islamistas, matando pelo menos 16 extremistas, afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que não soube informar a autoria dos ataques.

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Mais cedo, o regime atacou o reduto rebelde em Ghutta Oriental, perto de Damasco, e a Al-Qaeda e seus aliados tomaram um povoado alauita no centro do país. No sul, ocorriam combates entre os rebeldes e os jihadistas do grupo Estado Islâmico.

Os extremistas infligiram nos dois últimos dias um importante revés ao Exército sírio ao isolar a cidade de Palmyra, poucos dias depois de o regime e seus aliados russos terem celebrado a reconquista da cidade antiga.

Em Alepo, o cessar-fogo temporário imposto há uma semana expirou à meia-noite do horário local, sem ser prolongado.

Durante a noite, dois rebeldes morreram em um bombardeio no bairro de Al-Shaar, indicou o OSDH. Segundo a Defesa Civil, dois barris explosivos foram lançados pela força aérea em um bairro rebelde, sem deixar vítimas.

Quase 300 pessoas morreram em Alepo nos combates que desde o dia 22 de abril abalaram o cessar-fogo instaurado na Síria em 27 de fevereiro, impulsionado por Moscou e Washington.

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Após esse fracasso, o conflito voltará a ser o tema central da reunião do Grupo Internacional de Apoio à Síria (GIAS), copresidido pela Rússia e pelos EUA, no dia 17 de maio em Viena, num momento em que Moscou e Washington prometeram redobrar esforços para encontrar uma solução política para o conflito sírio.

Mas para o coordenador da oposição Riad Hijab, "há cinco anos o povo sírio morre". "Queremos atos, e não apenas palavras, por parte de nossos amigos. Esperamos que os EUA, a França, a Grã-Bretanha, a Alemanha e os outros atuem em terra." Ele lembrou que os rebeldes lutam contra o regime e seus aliados, assim como contra o Estado Islâmico e as forças curdas.

Hijab exigiu armas antiaéreas para se defender dos bombardeios e medidas contra o regime que conta, segundo ele, com "a aprovação para continuar seus abusos".

Ajuda humanitária. O comboio que deveria entregar ajuda humanitária à cidade síria de Daraya, que está sitiada, não conseguiu entrar no local na quinta-feira pela primeira vez desde o início do cerco, em 2012, informou a Cruz Vermelha.

"Lamentavelmente nosso comboio com as Nações Unidas e o Crescente Vermelho não pode entrar em Daraya, embora tenha sido dada uma autorização prévia de ambos os lados", indicou no Twitter o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

"Pedimos com urgência às autoridades responsáveis que nos garantam o acesso a Daraya, e assim poderemos retornar com ajuda de comida e remédios que são necessários com urgência".

A diretora na Síria do CICV, Marianne Gasser, que formava parte do comboio, descreveu como trágica a negativa de acesso. "As comunidades de Daraya precisam de tudo, é trágico que inclusive (a entrega de) bens básicos que traríamos seja atrasada desnecessariamente", afirmou.

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Daraya tinha uma população de 80 mil pessoas antes da guerra, mas este número caiu em 90%. Os habitantes que permanecem no local lidam com importantes carências e uma séria desnutrição.

O comboio, formado por cinco caminhões do CICV, das Nações Unidas e do Crescente Vermelho sírio deveria entregar leite materno e ajuda médica e escolar. Segundo a ONU, 400 mil pessoas vivem sob cerco na Síria. /AFP

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