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Trump apresenta orçamento com mais gasto militar e menos social

O plano diz buscar um equilíbrio orçamentário em dez anos em grande parte reduzindo os benefícios recebidos por milhões de americanos com baixa renda, incluindo os que votaram no presidente

Atualização:

WASHINGTON - A Casa Branca apresentou nesta terça-feira, 23, ao Congresso um orçamento para o ano fiscal de 2018 com cortes na ajuda aos pobres e à diplomacia, mas com um maior gasto militar.

O plano diz buscar um equilíbrio orçamentário em dez anos em grande parte reduzindo os benefícios recebidos por milhões de americanos com baixa renda, incluindo os que votaram em Donald Trump.

Senador Eric Ueland (E) entrega cópia do projeto de orçamento de Trump Foto: Alex Wong/Getty Images/AFP

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O programa orçamentário, que é de aproximadamente US$ 4,1 trilhões, não será aprovado no Congresso como foi enviado pela Casa Branca. Normalmente é modificado em longas negociações. 

O gasto de governo, diz o texto, seria rebaixado em US$ 3,6 trilhões em dez anos. O grosso desses gastos incluem a assistência médica aos pobres (Medicaid) e a ajuda com alimentação recebida pela população mais carente.

"É preciso ter compaixão de quem recebe fundos federais, mas também é preciso ter compaixão daqueles que os pagam", disse o diretor de Orçamento da Casa Branca, Mick Mulvaney, a jornalistas.

O Departamento de Estado e a Agência de Proteção Ambiental (EPA) terão seus orçamentos cortados em um terço. O gasto em Defesa, por outro lado, aumentará mais de US$ 50 bilhões, o que significa US$ 10 bilhões acima dos níveis de 2017.

A proposta inclui US$ 2,6 bilhões para segurança fronteiriça e contra a imigração. Isso inclui US$ 1,6 bilhão para construir um muro na fronteira com o México; uma das mais espetaculares e polêmicas promessas eleitorais de Trump. 

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Mulvaney criticou aqueles que protestam contra o corte drástico de recursos sociais para os mais pobres, como o Medicaid. 

"Não estamos tirando ninguém de programas que realmente precisa", disse Mulvaney. "Temos muito dinheiro neste país para atender os que precisam de ajuda. Não temos suficiente dinheiro para atender a todos os que não precisam de ajuda", acrescentou.

O gabinete de Orçamento do Congresso calcula que reduzir o Medicaid interromperá a atenção a aproximadamente 10 milhões de pessoas e vários republicanos expressaram sua preocupação diante da decisão. 

O orçamento daria aos Estados certa flexibilidade para impor requerimentos de trabalho aos beneficiários de programas contra a pobreza. Os Estados poderiam tornar as regras do Medicaid mais rígidas, por exemplo. 

O orçamento de Trump se baseia em uma expectativa otimista de crescimento de 3% nos próximos anos e dá por certo que a reforma fiscal será neutra em relação ao déficit; sem melhorá-lo ou piorá-lo. 

Essa hipótese é rejeitada tanto pela oposição democrata como por alguns analistas econômicos. "Todo o orçamento de Trump se baseia em uma estimativa irreal de crescimento que foi rejeitada por economistas influentes", advertiu o senador democrata Mark Warner.

Larry Summers, ex-secretário do Tesouro e assessor de Barack Obama, qualificou de "simplesmente ridículo" o modelo orçamentário da Casa Branca.

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"A administração Trump não fez um só pronunciamento econômico que se ajuste a padrões mínimos de concorrência e honestidade", disse Summers em uma coluna no jornal Washington Post. / AFP

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