WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentará deixar o início turbulento de seu governo para trás na noite desta terça-feira, 28, com um discurso no Congresso para delinear seus planos para o ano, como a reforma do sistema de saúde e um aumento no investimento militar.
O discurso na Câmara dos Deputados será a maior oportunidade de Trump para detalhar sua agenda depois de um primeiro mês caracterizado por tropeços, conflitos internos e rixas com a mídia. O pronunciamento, que Trump vem redigindo com o assessor Stephen Miller e outros, terá alguns gestos visando unificar o país polarizado enquanto o republicano tenta curar as feridas de uma eleição duramente disputada.
Trump tem muito trabalho pela frente para superar o ceticismo dos americanos e apaziguar seus compatriotas. Uma média de pesquisas de opinião recente do site Real Clear Politics estimou seu índice de aprovação em cerca de 44%, cifra relativamente baixa para um presidente novo.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o tema do discurso ao Congresso de maioria republicana será "a renovação do espírito americano" e terá como cerne a forma de resolver os problemas dos americanos comuns. "Ele vai convidar os americanos de todos os setores a se unirem a serviço de um futuro mais forte e mais brilhante para nossa nação", detalhou Spicer aos repórteres na segunda-feira.
Em uma entrevista concedida à Reuters na semana passada, Trump disse que seu pronunciamento será um discurso de otimismo, "apesar do fato de ter herdado uma bagunça total".
O presidente enfrentará uma série de questões. Os detalhes sobre sua proposta de reformulação do plano de saúde de seu antecessor, Barack Obama, ainda não foram divulgados, e ele ainda tem que explicar como vai financiar um aumento acentuado nos gastos pretendidos para a reconstrução de estradas e pontes do país.
Suas propostas de corte de impostos para milhões de pessoas e empresas ainda não foram esboçadas, sua estratégia de renegociação de acordos comerciais internacionais tampouco está clara e, na segunda-feira, ele recebeu uma proposta do Pentágono para combater os militantes do Estado Islâmico sobre a qual precisa se decidir nos próximos dias.
Um plano de aumento nos gastos de defesa inclui a exigência de que agências federais sem ligação direta com a área reduzam custos para compensar o investimento – reduções que devem ser confrontadas no Congresso. Alguns republicanos afirmaram que a elevação nos gastos de defesa não basta para as necessidades dos militares.
Seu decreto presidencial impedindo temporariamente a entrada de imigrantes de sete países de maioria muçulmana nos EUA devido a razões de segurança nacional desencadeou protestos e foi revogado por tribunais federais, mas Trump deve assinar um decreto de substituição nesta quarta-feira. /REUTERS