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Trump culpa Obama e democratas por interferência russa na eleição de 2016

Presidente americano é criticado por republicanos e democratas após dizer que massacre em escola da Flórida ocorreu porque FBI perdeu tempo com investigação sobre a Rússia e não percebeu os sinais dados pelo atirador Nikolas Cruz

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Em uma série de mensagens postadas ontem no Twitter, o presidente dos EUA, Donald Trump, culpou o ex-presidente Barack Obama e os democratas pela interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Trump também criticou o FBI por “perder tempo com a investigação sobre a Rússia e ignorar os sinais do atirador da Flórida”.

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“Obama era presidente, sabia da ameaça e não fez nada”, escreveu Trump, que agradeceu ao deputado democrata Adam Schiff por ter feito a mesma crítica. Trump garantiu novamente que não houve conluio entre a sua campanha e o governo russo e atacou os democratas, lembrando que “a única conspiração” foi entre a Rússia, Hillary Clinton e o Comitê Nacional Democrata.

Putin e Trump durante encontro em novembro, na cúpula da Apec, no Vietnã: o cerco se fecha Foto: AFP PHOTO / POOL / JORGE SILVA

Pela primeira vez, o presidente ligou o massacre na Flórida às ações russas na eleição de 2016. “Muito triste que o FBI perdeu todos os sinais mandados sobre o atirador da escola da Flórida. Isso é inaceitável”, escreveu. “Eles perderam muito tempo tentando provar uma conspiração russa com a campanha.”

A crítica de Trump veio após o FBI reconhecer que ignorou, em setembro, sinais de distúrbios graves dados por Nikolas Cruz, que matou 17 pessoas em uma escola de Parkland, na Flórida, na semana passada. Alguns republicanos aproveitaram o erro para pedir novamente a cabeça de Chris Wray, diretor do FBI. 

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“O erro do FBI em não evitar o ataque é inaceitável”, disse Rick Scott, governador da Flórida. “O diretor do FBI tem de renunciar.” Bernard Kerik, ex-comissário de polícia de Nova York durante o mandato de Rudy Giuliani, também disse que o FBI “desperdiçou recursos” com a investigação sobre a Rússia.

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No entanto, muitos analistas e políticos - republicanos e democratas - viram as críticas de Trump à ação do FBI na Flórida como um novo pretexto para demitir Wray justamente em razão das investigações sobre a interferência russa na eleição presidencial de 2016.

“O erro do FBI na Flórida e a investigação sobre a Rússia são coisas diferentes”, disse o senador republicano Tim Scott no programa Face the Nation, da rede CBS. John Kasich, governador republicano de Ohio, também criticou o presidente. “A declaração é um absurdo”, afirmou ele em entrevista ao programa State of the Union, da CNN.

Ao todo, Trump disparou tuítes contra Hillary, Obama, os democratas e o FBI durante nove horas de sua mansão em Mar-a-Lago, na Flórida. “Estão morrendo de rir em Moscou”, escreveu o presidente. “Se o objetivo da Rússia era criar a discórdia, eles conseguiram.”

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Na contramão da Casa Branca, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, o general Herbert Raymond McMaster, reconheceu no fim de semana que há evidências de uma trama russa para interferência na eleição americana de 2016. “Como vocês podem ver com a acusação do FBI, as evidências agora são realmente irrefutáveis”, disse. 

Ontem, Trump respondeu ao conselheiro. Ele até reconhece a interferência russa, mas diz que não foi beneficiado. “Ao general McMaster esqueceram de dizer que os resultados da eleição de 2016 não foram afetados e nem mudados pelos russos, que a única conspiração foi entre a Rússia e a corrupta Hillary Clinton e os democratas”, escreveu Trump. / NYT, WP e AP