Trump publica vídeo de ataque contra CNN e intensifica guerra à imprensa

Presidente americano acusa rede de publicar ‘fraudes’ e Casa Branca nega que onda de comentários represente ameaça

PUBLICIDADE

Atualização:

WASHINGTON - O presidente americano, Donald Trump, subiu mais uma vez o tom de seus ataques à imprensa neste domingo, 2, ao postar no Twitter uma montagem em vídeo contra a rede CNN. O republicano publicou uma sequência de imagens em que ele próprio aparece surrando um indivíduo cuja cabeça foi substituída, em montagem, pela logomarca da emissora. 

PUBLICIDADE

O vídeo parece ser um clipe editado de uma aparição de Trump, há anos, em um evento anual de luta livre. O vídeo termina com uma remontagem do logo da CNN, que diz “FNN - Fraud News Network”.

O vídeo é uma maneira nada ortodoxa de um presidente se expressar. Mas Trump intensificou seus ataques contra a mídia nos últimos dias - particularmente a CNN - defendendo seu uso das redes sociais como forma de desqualificar jornalistas e empresas de mídia que considera “inimigas”. Discursando no sábado, ele afirmou que “a falsa mídia tentou impedir nossa ida à Casa Branca. Mas sou presidente, eles não”.

President Donald Trump discursa emevento no Kennedy CenteremWashington Foto: Carolyn Kaster/ AP

O vídeo, postado também na conta oficial da presidência dos EUA no Twitter (@POTUS), foi recebido com críticas, ceticismo e assombro. Alguns jornalistas denunciaram sua representação de violência como algo perigoso, afirmando que poderá incitar ataques e ameaças contra os trabalhadores do setor de comunicação.

O assessor de segurança interna de Trump, Thomas Bossert, defendeu o vídeo quando o viu pela primeira vez durante uma entrevista a Martha Raddatz, da ABC News. “Ninguém entenderia isso como ameaça. Espero que não”, disse. “Ele é um presidente franco, expressando-se francamente”, acrescentou Bossert.

Rastro.

Uma versão do vídeo apareceu na semana passada na página dedicada a Trump do site de mensagens Reddit, popular entre os mais fanáticos partidários do presidente. O logo da CNN aparece sobreposto à cabeça de Vince McMahon, promotor de luta livre profissional e amigo de Trump.

Publicidade

Em comunicado após a publicação, a direção da CNN repudiou a atitude do presidente. “É triste quando o presidente dos Estados Unidos incentiva a violência contra jornalistas. Em vez de se preparar para sua viagem ao exterior, seu primeiro encontro com Vladimir Putin, discutir a questão da Coreia do Norte e trabalhar em seu projeto de lei sobre a assistência médica, ele adota um comportamento juvenil muito abaixo da dignidade do seu cargo. Continuaremos realizando o nosso trabalho. Ele deveria começar a cuidar do dele.”

A rede de TV também respondeu a Trump no Twitter com a citação de uma das assessoras de imprensa do presidente, Sarah Huckabee Sanders, que, durante uma rápida conversa com jornalistas, disse que “o presidente de nenhum modo jamais promoveu ou incentivou a violência. Pelo contrário”.

Trump regularmente acusa a CNN de preconceito contra ele e seu governo. Horas antes de postar o vídeo ele enviou mensagem pelo Twitter a seus seguidores dizendo “Estou pensando em mudar o nome #FakeNewsCNN para #FraudNewsCNN!”. 

Choque.

Grupos como o Comitê de Proteção aos Jornalistas, que geralmente têm como foco países onde repórteres são ameaçados e cerceados, manifestaram preocupação com a postagem de Trump e seus outros ataques à mídia. 

“Atacar jornalistas individualmente ou veículos de mídia inteiros, online ou offline, cria um efeito assustador e alimenta um ambiente em que futuros assédios, ou mesmo ataques físicos, serão visto como aceitáveis”, disse uma das diretoras do Comitê, Courtney Radsch.

Manifestantes pedem impeachment ou renúncia de Trump Foto: David McNew/Getty Images/AFP

Protestos.

Publicidade

Milhares de pessoas participaram neste domingo de protestos em 46 cidades americanas pedindo o impeachment ou a renúncia do presidente. Em Nova York, os manifestantes se reuniram em frente ao Trump International Hotel. Em Austin, no Texas, houve enfrentamentos entre militantes pró-Trump e manifestantes contrários ao líder. / NYT e EFE

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.