WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justificou, entre outros argumentos, a retirada do país do Acordo de Paris dizendo que foi eleito para "representar Pittsburgh e não Paris", em uma referência à tradição da cidade da Pensilvânia na exploração de carvão. Minutos depois, ele foi repreendido no Twitter pelo prefeito da cidade, Bill Peduto, que se comprometeu a cumprir as metas do acordo.
A decisão do presidente fez também 50 prefeitos americanos se comprometerem a cumprir as metas voluntárias do pacto à revelia da decisão federal. Trump ainda foi criticado por empresas, como a Tesla, e pela União Europeia.
Durante o discurso, Trump disse que "foi eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh, não de Paris". Logo após o pronunciamento, o prefeito de Pittsburgh, Bill Peduto, contradisse Trump e prometeu seguir as regras do acordo.
"Como prefeito de Pittsburgh, garanto que vamos seguir os parâmetros do Acordo de Paris, pelo nosso povo, nossa economia e nosso futuro", escreveu o prefeito no Twitter.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, também reagiu ao discurso de Trump. "As mudanças climáticas são uma ameaça única ao futuro do planeta e colocam em perigo a saúde, a prosperidade e a segurança de nossos filhos e netos", disse. "Exorto o presidente Trump a rever sua decisão."
A Conferência Americana dos prefeitos divulgou nota na qual manifestou sua "forte oposição" à saída dos Estados Unidos do acordo. Os prefeitos se comprometeram a manter os esforços para reduzir a emissão de poluentes de maneira voluntária. "O aumento do nível dos oceanos provocado pelas mudanças climáticas podem destruir Nova Orleans e outras cidades costeiras", lembrou o prefeito da cidade, Mitch Landrieu.
Veja a seguir as principais repercussões sobre a decisão de Trump:
Empresas.O executivo-chefe da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, confirmou nesta quinta-feira que deixará os conselhos de assessoria do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após a saída do país do Acordo de Paris.
"Estou deixando os conselhos de assessores da presidência. A mudança climática é real. Deixar (o Acordo) de Paris não é bom nem para os EUA nem para o mundo", afirmou Musk no Twitter.
Diplomacia. A União Europeia (UE) lamentou profundamente a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tirar o país do Acordo de Paris nesta quinta-feira, mas afirmou que o pacto continuará a existir e que a Europa seguirá liderando a luta contra a mudança climática.
"Hoje é um dia triste para a comunidade global, já que um parceiro-chave virou as costas para a luta contra a mudança climática", indicou o comissário de Ação pelo Clima e Energia da UE, Miguel Arias Cañete, em um comunicado após o anúncio de Trump.
Brasil. Em nota divulgada há pouco pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro diz ter recebido hoje "com profunda preocupação e decepção" o anúncio que os Estados Unidos vão se retirar do Acordo de Paris sobre o clima para renegociar sua reentrada. "Preocupa-nos o impacto negativo de tal decisão no diálogo e cooperação multilaterais para o enfrentamento de desafios globais", diz o texto.
Segundo a nota, esse acordo, que está sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, estabelece um arcabouço para que cada um dos os países partes definam metas e políticas para regular a emissão de gases do efeito estufa.
"O Brasil continua comprometido com o esforço global de combate à mudança do clima e com a implementação do Acordo de Paris", diz a nota. "O combate à mudança do clima é processo irreversível, inadiável e compatível com o crescimento econômico, em que se vislumbram oportunidades para promover o desenvolvimento sustentável e para novos ganhos em setores de vanguarda tecnológica." / EFE e AP, com Lu Aiko Ota