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Turquia acusa milícia curdo-síria YPG por atentado em Ancara

Premiê Ahmet Davutoglu diz que sírio membro das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), detonou carro-bomba na capital Ancara na quarta; novo ataque no sudeste do país deixa 7 mortos

Atualização:

ANCARA - O primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, acusou nesta quinta-feira, 18, a milícia curdo-síria das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG, na sigla em curdo) de cometer, em coordenação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), o atentado suicida em Ancara que deixou 28 mortos na quarta-feira, entre eles 27 militares e um civil.

Em discurso na sede do Estado-Maior do exército turco, que foi transmitido pela televisão, Davutoglu identificou o suspeito de ter cometido o atentado como Saleh Mercan, nascido em 1992 na cidade de Amude, no norte da Síria. "Este ataque terrorista foi cometido por elementos da organização terrorista (PKK) na Turquia e um miliciano das YPG", disse Davutoglu.

Premiê turco, Ahmet Davutoglu (D), faz pronunciamento na sede do Estado-Maior ao lado do comandante das forças turcas, general Hulusi Akar Foto: Hakan Goktepe/Prime Minister's Press Service, Pool Photo via AP

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Segundo o premiê turco, nove pessoas foram detidas por suposta ligação com o atentado, cometido em uma região central da capital turca às 16h30 durante a passagem de um comboio de ônibus militares que levavam soldados para casa.

Um jornal próximo ao governo turco informou nesta quinta que um suposto refugiado sírio, do qual tinham tirado as impressões digitais em sua entrada no país, tinha cometido o atentado suicida. 

O PKK negou, por meio de um de seus dirigentes, Cemil Bayik, estar por trás do atentado que atingiu o coração da capital turca. "Não sabemos quem cometeu, mas pode ter sido uma resposta às matanças da Turquia no Curdistão", disse o líder do PKK, citado pela agência pró-curda Firat.

O líder do principal partido curdo da Síria, o Partido de União Democrática (PYD), Saleh Muslim, também negou "qualquer envolvimento" no atentado de Ancara. "Desmentimos qualquer envolvimento no ataque. Estas acusações da Turquia estão claramente vinculadas com uma tentativa de intervir na Síria", disse.

Novo ataque. Pelo menos sete pessoas morreram em um atentado a bomba acionada por controle remoto que explodiu nesta quinta-feira durante a passagem de um veículo militar no sudeste da Turquia, informou o jornal "Hürriyet" em seu site.

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Segundo a agência de notícias semiestatal "Anadolu", várias ambulâncias se dirigiram para o local na estrada entre Diyarbakir e Bingol, no sudeste do país. O ataque aconteceu apenas um dia depois do atentado realizado por um suicida com um carro-bomba no centro de Ancara, no qual morreram 27 militares e um civil.

Equipes de resgate turcas atendem feridos após explosão de bomba por controle remoto ao lado de veículo militar Foto: REUTERS/Cihan News Agency

Poucas horas após o atentado de Ancara, a aviação turca atacou posições do Partido dos Trabalhadores de Curdistão (PKK) no norte do Iraque, onde haveria "eliminado" entre 60 e 70 rebeldes, assegurou o Estado-Maior turco em comunicado em seu site.

A Turquia está no meio de uma complexa operação militar que inclui frentes no sudeste do país, onde tenta combater as estruturas urbanas do PKK, no norte da Síria, atacando com artilharia além da fronteira as milícias curdas, e no norte do Iraque onde bombardeia pelo ar as bases do PKK. 

Desde sábado, a artilharia turca bombardeia diariamente as posições das YPG no norte da Síria, que aproveitaram a ofensiva das forças do regime de Damasco na província de Alepo para assumir o controle de novos territórios próximos da fronteira turca.

O atentado de Ancara na quarta-feira foi o mais grave na Turquia desde de outubro, quando 103 pessoas morreram durante um duplo ataque suicida em uma manifestação pacifista. A Justiça turca acusa os jihadistas do Estado Islâmico por aquele ataque. / EFE, REUTERS e AFP

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