Ucrânia acusa Rússia de dar ultimato a seus navios na Península da Crimeia

Exército russo amplia seu controle sobre a região de etnia russa estratégica para o Kremlin

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Atualização:

KIEV - O Ministério da Defesa da Ucrânia disse por meio de um porta-voz que a Marinha russa deu um ultimato a dois navios de guerra ucranianos nesta segunfa-feira, 2. O governo russo negou a acusação, que qualificou de " sem sentido".

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De acordo com os militares ucranianos, ao menos quatro navios de guerra russos no porto de Sevastopol, na Península da Crimeia - região de maioria russa considerada estratégica para o Kremlin -, bloquearam a passagem das embarcações Ternopil e Slavutych. A tripulação foi informada de que se não se rendesse, os navios ucranianos seriam invadidos e apreendidos.

Uma situação similar, segundo a rede de TV americana CBS, ocorreu em uma base aérea ucraniana na Crimeia. Soldados russos exigiram que os militares ali concentrados deixassem o local ainda nesta segunda-feira.

Mais cedo, a agência russa Interfax noticiou que o comandante da frota russa no Mar Negro Alexander Vitko deu um ultimato de rendição a todas as forças militares na Crimeia até a meia-noite de hoje no horário de Brasília. O governo ucraniano, por sua vez, negou a existência desses ultimatos e sustenta que o único alerta foi feito aos dois navios do porto de Sevastopol.

Controle. Ao longo da manhã, tropas russas expandiram seu controle sobre a Crimeia. Soldados ocuparam um terminal marítimo em Kerch e caças Sukhoi violaram o espaço aéreo ucraniano, que tinha sido fechado na noite de domingo.

O terminal marítimo é o principal ponto de ligação entre a Crimeia e o litoral russo no Mar Negro e pode ser crucial para um eventual desembarque de tropas em uma possível ação militar. Ele foi ocupado durante a madrugada por soldados e veículos armados russos. Na cidade vizinha de Nikolaiev, moradores relataram a chegada de mais tropas russas durante a noite.Em Sevastopol, o serviço de telefonia foi cortado em algumas áreas da cidade.

Jatos de combate russos violaram duas vezes o espaço aéreo da Ucrânia sobre o Mar Morto durante a noite, informou o Ministério da Defesa da Ucrânia. A Força Aérea do país identificou um jato Sukhoi SU-27 e disse ter prevenido quaisquer "ações provocativas".

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A Rússia controlou militarmente a península sem disparar um só tiro. O temor agora no governo interino ucraniano e nos países ocidentais é o de que o presidente Vladimir Putin pretenda expandir o controle sobre áreas de etnia russa no sul e leste da Ucrânia, depois da derrubada do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich, no mês passado. Fontes do governo americano acreditam que os russos já controlam militarmente toda a Crimeia, com mais de 6 mil homens na região.

Reação. O primeiro-ministro da Ucrânia Arseni Yatsenyuk insistiu em reunião com o secretário do Exterior britânico, William Hague, que a Crimeia ainda faz parte do território do país. "Qualquer tentativa russa de anexar a Crimeia não terá sucesso. Mas precisamos de tempo", disse o premiê. "Precisamos de apoio tangível e real de nossos parceiros ocidentais."

Yatsenyuk se mostrou refratário a uma escalada militar do impasse. "Por enquanto, nenhuma opção militar está na mesa" declarou o líder ucraniano. "Sou partidário de uma solução diplomática dessa crise, porque um conflito traria instabilidade à toda região." / AP e REUTERS

 

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