UE quer aval da ONU para ação militar em crise imigratória

Bloco apresentará no Conselho de Segurança resolução sobre operação na costa líbia contra tráfico de pessoas

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Por BRUXELAS
Atualização:

A União Europeia elaborou planos que preveem ataques militares na Líbia contra redes de tráfico de pessoas para tentar conter o fluxo de imigrantes pelo Mar Mediterrâneo, afirmou uma reportagem do jornal britânico Guardian, publicada ontem. Hoje, o bloco deve apresentar às Nações Unidas o texto de uma resolução que prevê uma operação armada nas águas territoriais da Líbia. 

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Segundo funcionários de alto escalão do bloco, em Bruxelas, citados pelo jornal, a Grã-Bretanha preparou a minuta da resolução, que será entregue hoje ao Conselho de Segurança da ONU, em Nova York.

A ação militar, segundo o jornal, seria comandada pela Itália. Mas ela teria a participação de dez países da UE, entre eles Grã-Bretanha, França e Espanha. De acordo com a reportagem, não está descartada uma possível ajuda da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), embora não haja planos para um envolvimento inicial da aliança atlântica.

O objetivo seria "neutralizar" embarcações de traficantes que enviam dezenas de milhares de imigrantes da África Subsaariana e do Oriente Médio Foto: EFE

A chefe de política externa do bloco, Federica Mogherini, falará ao Conselho de Segurança sobre os planos de uma resolução que invoca o Capítulo 2.º da Carta da ONU, que autoriza o uso da força. Segundo as fontes consultadas pelo jornal britânico, o texto menciona o "uso de todos os meios para destruir o modelo de operação dos traficantes".

Uma vez aprovada a resolução, segundo o Guardian, a União Europeia enviaria navios como o HMS Bulwark da Marinha Real, atualmente em Malta, para as águas territoriais líbias, assim como helicópteros de combate.

O objetivo seria "neutralizar" embarcações de traficantes que enviam dezenas de milhares de imigrantes da África Subsaariana e do Oriente Médio para uma travessia curta, porém extremamente arriscada da costa líbia até às praias do sul da Itália.

Segundo o diário, acredita-se que milícias líbias, grupos jihadistas e afiliadas do Estado Islâmico, que estariam envolvidos com as redes de traficantes, dispõem de artilharia pesada e baterias antiaéreas instaladas perto da costa. No entanto, os ataques da UE a navios e aeronaves poderão desencadear uma escalada e arrastar parte da Otan para a crise, afirmaram autoridades do bloco europeu.

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A reportagem afirma que Mogherini regressou na semana passada de uma visita a Pequim acreditando que os chineses não bloquearão a missão no Conselho de Segurança. Sua equipe também espera que a Rússia possa ser persuadida a não usar seu poder de veto - prerrogativa dos membros permanentes do Conselho -, apesar da intensa animosidade entre Moscou e o Ocidente na questão do conflito na Ucrânia.

O embaixador da Líbia nas Nações Unidas, Ibrahim Dabbashi, afirmou à agência Associated Press que não foi consultado a respeito dos planos da União Europeia, mas desde já se opõe a eles.

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