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União de rivais em Israel pode dar dados do Mossad a árabes

Caso seja formado um governo de unidade entre judeus, coalizão árabe terá prerrogativas se liderar da oposição

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Por Redação
Atualização:

TEL-AVIV - Os partidos árabes de Israel serão o maior bloco não governista do Parlamento – e podem até liderar a oposição – se um governo de união nacional surgir das eleições de terça-feira.

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Um aumento na participação de eleitores deu à Lista Conjunta dominada pelos árabes 13 dos 120 assentos do Knesset. Isso tornou o grupo o terceiro maior, atrás do partido de direita Likud, do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, com 31 assentos, e da legenda de centro Azul e Branco, de Benny Gantz, com 33.

O cenário de aliança dos grupos de Netanyahu e Gantz tornaria a Lista Conjunta o maior grupo de oposição no Parlamento. A possibilidade é real, embora Gantz tenha rejeitado o convite inicial do rival, que se recusa a deixar o posto de premiê em uma união de forças.

Nenhum partido que represente os árabes-israelenses, formadores de 21% da população, fez parte de um governo no país. Se o chefe da Lista Conjunta, Ayman Odeh, de 44 anos, se tornar líder da oposição, ele receberá informações mensais da agência de inteligência Mossad e se encontrará com chefes de Estado visitantes, entre outras prerrogativas.

A união dos rivais judeus proporcionaria ainda aos árabes um canal para expressar queixas de discriminação e daria uma plataforma maior aos partidos árabes que divergem daqueles da maioria judaica do país em muitos debates políticos.

Ultraortodoxo vota em Bnei Brak Foto: Sergey Ponomarev/NYT

“Seria uma posição interessante, nunca antes ocupada por alguém da população árabe. Teria muita influência”, disse Odeh do lado de sua casa em Haifa, cidade árabe e judia no norte de Israel.

Embora a Lista Conjunta seja o maior grupo isolado, outros partidos da oposição juntos terão assentos suficientes para bloquear sua nomeação por meio de uma maioria absoluta, dizem analistas.

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“Não há como os outros partidos concordarem em ter Ayman Odeh como chefe da oposição, e concederem reconhecimento e legitimidade à nossa comunidade”, disse Aida Touma-Sliman, uma parlamentar árabe da facção Hadash, de Odeh.

Os parlamentares árabes frequentemente pedem o fim da ocupação de Israel na Cisjordânia e em Gaza, um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital e o desmantelamento dos assentamentos de Israel na Cisjordânia.

O Mossawa Center, ONG que defende direitos dessa comunidade, sustenta que o orçamento com frequência favorece os judeus.

 Cerca de 47% dos cidadãos árabes vivem na pobreza, ante uma média nacional de 18%. O partido de Netanyahu, o Likud, garante que o investimento de US$ 4 bilhões na última legislatura em setores árabes é o maior da história./ REUTERS

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