Unicef diz que 92% dos negros latino-americanos vivem na pobreza

Segundo a entidade, cerca de 150 milhões de afrodescendentes da América Latina e do Caribe vivem abaixo da linha de pobreza

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Por Agencia Estado
Atualização:

A pobreza afeta 92% da população negra da América Latina e do Caribe, informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) nesta quinta-feira. Segundo comunicado da entidade, cerca de 150 milhões de afrodescendentes da América Latina e do Caribe vivem abaixo da linha de pobreza. Baseado em dados da Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), o Unicef ressaltou que "a pobreza se acentuou durante a última década, afetando com maior força esta população", na qual "a marginalidade e a exclusão se transformaram em uma característica estrutural". Os dados foram divulgados hoje na capital panamenha, no início do Primeiro Encontro do Grupo Consultivo de Líderes Afrodescendentes, que reúne dirigentes, ativistas e analistas negros de vários países latino-americanos e caribenhos. O encontro, que terminará nesta sexta-feira, procura a defesa e promoção dos direitos de crianças, adolescentes e mulheres afrodescendentes. A ministra da Secretaria para a Promoção de Igualdade Racial do Brasil, Matilde Ribeiro, o diretor regional do Unicef para a América Latina e o Caribe, Nils Kastberg, e a ministra de Desenvolvimento Social do Panamá, María Roquebert, entre outros, participaram da cerimônia de abertura. Kastberg disse que "a desigualdade e a pobreza que afetam milhões de meninos e meninas afrodescendentes na região constitui um freio ao desenvolvimento". Esta situação também afeta "a consolidação de nossas democracias" e torna mais difícil cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio propostos pelas Nações Unidas, entre eles o de reduzir pela metade a pobreza e a fome até o ano de 2015, acrescentou. O secretário-executivo da ONG Aliança Estratégica Afrolatinoamericana e Caribenha, o uruguaio Romero Rodríguez, assinalou "a necessidade de reverter os mais de 500 anos de exclusão e marginalidade" que sofrem os descendentes de africanos. O Unicef lembrou que a maioria das comunidades negras da região se situa em zonas costeiras do Atlântico e na bacia do Caribe. Colômbia, Equador e Peru também apresentam grandes comunidades no litoral do Pacífico.

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