Uruguaios decidem hoje se continuam ou interrompem projetos de Mujica

Ex-presidente e candidato governista, Tabaré Vázquez, tem até 44% das intenções de voto, segundo pesquisas; em 2º lugar, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, de centro-direita, aparece nas sondagens com 33% da preferência dos eleitores

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Por Ariel Palacios
Atualização:
Tabaré Vázquez, tem até 44% das intenções de voto, segundo pesquisas; em 2º lugar, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional Foto: Montagem Estadão/Reuters

Os uruguaios decidirão hoje, nas urnas, se desejam a continuidade ou a interrupção do projeto de governo da Frente Ampla (FA), coalizão de centro-esquerda que está no poder há dez anos. Seu candidato, o ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010), de 74 anos, um socialista “light”, ocupa o primeiro lugar nas pesquisas de opinião pública, oscilando entre 42% e 44% das intenções de voto. 

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Caso as pesquisas se confirmem, no entanto, a votação será insuficiente para obter a vitória no primeiro turno, o que exige uma maioria de 50% dos votos mais um. 

Tudo indica que no fim de novembro Vázquez terá de enfrentar no segundo turno Luis Lacalle Pou, de 41 anos, candidato do Partido Nacional, que hoje tem entre 29% e 33% dos votos, segundo as pesquisas.

O presidente José Mujica, no cargo desde 2010, quando sucedeu seu correligionário Vázquez, embora não possa disputar a reeleição presidencial (no Uruguai, a Constituição impede reeleições consecutivas), é candidato ao Senado.

Pepe, como é chamado popularmente o presidente, ostenta melhor imagem que Vázquez, já que conta com 56% de popularidade. Tudo indica que Mujica será o senador mais votado. Isso o colocará no segundo posto de comando do Senado, depois do vice-presidente da república, que é quem preside a Câmara Alta no Uruguai.

Analistas atribuem as dificuldades enfrentadas por Vázquez ao desgaste que o governo de centro-esquerda teve ao longo de dez anos no poder, embora o país tenha apresentado uma contínua recuperação econômica e um aumento do consumo sob a administração da FA. 

Nesse período, o país – graças a sua tradicional segurança jurídica – recebeu os maiores investimentos estrangeiros do último meio século. 

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Decepção. Apesar da bonança, o governo de Mujica, que prometia uma virada à esquerda, foi uma administração moderada, o que incluiu o ressurgimento da proposta de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. 

Essa virada para o centro afastou os eleitores nostálgicos da esquerda tradicional.

O sociólogo argentino radicado no Uruguai e professor da Universidade ORT em Montevidéu Ricardo López Göttig disse ao Estado que “os dez anos de governo da Frente Ampla desgastaram essa força política, ao mesmo tempo em que surgiu a candidatura de Lacalle Pou, uma figura com um estilo novo de comunicação”. 

Analistas também destacam que Vázquez, que encerrou seu governo em 2010 com 70% de aprovação, acreditava até poucos meses atrás que uma nova vitória eleitoral seria fácil diante dos dois principais rivais, “relaxando” as estratégias de campanha e perdendo espaço. 

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Congresso. Os uruguaios também definirão hoje a nova composição do Parlamento. As pesquisas indicam que a FA perderá a maioria que manteve em seus dois governos. “Será uma disputa cabeça a cabeça”, disse o diretor da consultoria Equipos Mori, Ignacio Zuasnábar. Nenhuma força política conseguiria o controle do Senado e da Câmara de Deputados sem fazer alianças. 

Maioridade. Em meio a um clima de polêmica pelo crescimento da criminalidade nos últimos anos, especialmente por parte da população adolescente, os uruguaios também votarão hoje para decidir sobre uma proposta de reforma constitucional que reduziria a maioridade penal de 18 para 16 anos.

Os cientistas políticos destacam que essa é a mais acirrada disputa dos votos nos últimos 15 anos. As últimas pesquisas indicavam que a tendência do eleitorado era a de aprovar o projeto, mas com margem estreita. 

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