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Usbequistão, centro do islamismo radical da Ásia central

Movimento islamista nasceu em 1990 no país e persiste até hoje

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Por Redação
Atualização:

BISHKEK, QUIRGUISTÃO - O Usbequistão, onde nasceu o suspeito de realizar um atentado com um caminhão em Estocolmo na sexta-feira 7, acompanhou o nascimento nos anos 1990 de um movimento islamista radical que persiste até hoje, com vários usbeques envolvidos em ataques em todo o mundo.

De acordo com as autoridades suecas, o principal suspeito do atentado que matou quatro pessoas no centro de Estocolmo é um usbeque de 39 anos, já conhecido pelos serviços de inteligência.

Milhares se reuniram na praça Sergels Torg, em Estocolmo, próximodo ponto onde ataque comcaminhão matou 4 pessoas Foto: Odd Andersen

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Ex-república soviética, laica e de maioria muçulmana, o Usbequistão foi dirigido duramente pelo autoritário Islam Karimov de 1989 até sua morte, em setembro. Foi seu então primeiro-ministro, Chavkat Mirzioiev, quem assumiu as rédeas do país após a morte de seu antecessor.

O Movimento Islâmico do Usbequistão (MIU) foi criado no país em 1991, ano da independência. Ele surgiu no leste do país, no Vale do Fergana, que também inclui uma parte dos territórios do Quirguistão e Tajiquistão.

Entre 1992 e 1997, o MIU foi acusado de estar por trás de uma série de assassinatos ocorridos na área. A organização tentou introduzir a lei islâmica e lançou uma ofensiva na década de 2000 no sul do Usbequistão.

Após a forte repressão lançada por Karimov a partir de 1998, o MIU se aliou aos taleban no Afeganistão e em 2015 jurou lealdade ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Vários combatentes do MIU também chegaram muito alto no quadro da organização Al-Qaeda. Em junho de 2014, ela lançou um ataque contra o aeroporto de Karachi, que deixou 37 mortos.

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Exterior. Os islamistas usbeques tiveram destaque principalmente por suas ações no exterior. Assim como outros países da Ásia Central, como Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Casaquistão, as sombrias perspectivas econômicas e a corrupção levaram muitos jovens a emigrar, especialmente para a Rússia.

Alguns deles tentaram se unir a grupos radicais. Segundo a consultoria International Crisis Group, entre 2 mil e 4 mil nacionais destes países se uniram ao EI na Síria.

O maior contingente é composto por usbeques ou pessoas de origem usbeque que viviam em outras nações. No entanto, o país nunca publicou estatísticas a respeito.

Vários desses indivíduos se tornaram conhecidos nos últimos meses. Abdulgadir Masharipov, suposto autor do ataque que deixou 39 mortos no dia 31 de dezembro em uma boate em Istambul, é usbeque.

Akbarjon Djalilov, suposto autor do ataque no metrô em São Petersburgo que deixou 14 mortos, havia nascido no Quirguistão, mas era de um grupo étnico usbeque. Embora a motivação de Djalilov permaneça incerta, a polícia russa indicou que segue a pista do EI, ainda que a organização não tenha reivindicado a autoria do ataque. / AFP

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