Pão com café e solidariedade é o que sustenta 300 venezuelanos que fugiram da fome em seu país em busca de ajuda no Brasil. O precário acampamento criado dentro de um ginásio em Boa Vista, capital de Roraima, tem espaço insuficiente para acomodar o crescente contingente de imigrantes recebidos após o governo federal autorizar a permanência temporária de quem vem da Venezuela pela fronteira seca com o Brasil. O abrigo funciona em uma quadra poliesportiva na periferia da cidade e os venezuelanos dividem quatro banheiros e duas tendas de banho que foram construídas com lona e madeira sobre o chão de areia. Eles utilizam uma cozinha improvisada para fazer a refeição com os alimentos que ganham.
Conforme a Defesa Civil de Roraima, órgão responsável pelo Centro, mais de 90% dos venezuelanos abrigados no local são indígenas. No espaço há venezuelanos regularizados no Brasil e outros sem permanência legal.
Lonas plásticas servem como cortinas e a temperatura ambiente chega a 40ºC. A parceria dos governos federal e estadual assegura aos imigrantes água, três refeições diárias e serviço de saúde. Amontoados no chão, colchões velhos, enfileirados, em contato direto com o piso, expostos a todo tipo de sujeira, eles tentam uma convivência harmoniosa.
Roraima é a principal porta de entrada dos imigrantes venezuelanos no País. A Justiça recomendou que Estado e Município trabalhassem de forma conjunta no atendimento aos imigrantes venezuelanos, no entanto, governo e prefeitura não se entendem e ambos reclamam da falta de ajuda do governo federal.
Pela ordem judicial, o governo é responsável em fornecer alimentação, como almoço e jantar, e o município tem a responsabilidade de cuidar do abrigo e servir o café da manhã. O não cumprimento da determinação acarretaria multa diária no valor de R$ 1 mil por pessoa.
Segundo o Estado, no local é oferecida alimentação nos três períodos do dia, lugar para permanecer e dormir, além de atendimento médico e odontológico. “Essa foi a forma encontrada pelo governo para diminuir o número de pessoas que permanecem pedindo dinheiro nos semáforos ”, destacou em nota a administração estadual.
Segundo a Defesa Civil, a prefeitura parou de dar assistência, apesar da decisão judicial. A Prefeitura de Boa Vista, nega e diz que continua a atender com o fornecimento do café da manhã destinado as pessoas que fazem uso do abrigo.